
Na audiência pública promovida em Piracicaba pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Histórico, Arqueólogo e Artístico do Estado de São Paulo), na tarde de ontem (20), no Teatro do Engenho Central, atendendo a uma solicitação sua, a deputada estadual Professora Bebel (PT) pediu que o órgão analise o tombamento do prédio da antiga Fábrica Boyes, na orla do Rio Piracicaba, antes do projeto “Boulevard Mirante Boyes”, que estabelece a construção de quatro torres de 28 pavimentos cada naquela área. Na audiência pública, que reuniu mais de 300 participantes, prós e contra o empreendimento, a deputada Professora Bebel também entregou documento ao presidente do órgão, Carlos Augusto Mattei Faggin, que estava acompanhado da vice-presidente do Conselho, Mariana Rolim, destacando que o empreendimento que está sendo proposto para antiga Fábrica Boyes está longe de ser consensual e que se trata de um projeto que afetará a orla do Rio Piracicaba e que “parece ir na contramão de um desenvolvimento econômico sustentável”, escreveu, fazendo inúmeras críticas à construção das torres que terão quase 90 metros de altura.
Em sua fala, Bebel disse que “está se tratando o patrimônio público como sendo de alguns, e isso não pode ser assim. Por isso, o debate é necessário. Mas antes de tudo é necessário que se faça o tombamento, para depois se discutir o empreendimento, ou então haverá a fragmentação do Projeto Beira Rio, uma grande conquista do povo piracicabano, do Partido dos Trabalhadores, fruto de uma iniciativa do (prefeito José) Machado, do Partido dos Trabalhadores, que teve a coragem de tombar e tornar de utilidade pública, inicialmente, o Engenho Central”, disse, deixando claro que defende que o certo é tombar o que é público e devolver ao público.
Com relação ao Projeto Boulervard Boyes, a deputada Professora Bebel, que é presidenta da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, enfatizou, ainda, que “querem falar em sustentabilidade, mas antes é preciso entender a palavra. Sustentabilidade é ter um projeto para hoje e para o futuro e o projeto apresentado não é para o futuro dos piracicabanos. Lutaremos até o fim”, declarou, pedindo que todos os conselheiros do Condephaat analisem bem os documentos e as justificativas, que demonstram não ser viável a construção de torres na orla do Rio Piracicaba, o principal cartão postal de Piracicaba, deixando claro que não tem nada contra os empresários, só não aceita que usufruam do direito do que é do povo piracicabano.
O projeto “Boulevard Mirante Boyes” prevê que seis dos 13 prédios da área da antiga fábrica, em frente ao Rio Piracicaba, devam ser demolidos para construção do empreendimento. As edificações, são tombadas desde 2004 pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural (Codepac) de Piracicaba (SP), em instância municipal. No entanto, a demolição foi aprovada com maioria dos votos dos membros do Codepac durante reunião extraordinária do Conselho, em junho de 2023, com 12 votos favoráveis, um contrário e duas abstenções, daí o pedido do movimento “Salve a Boyes” para que toda antiga Fábrica Boyes seja tombada pelo órgão estadual.