Os primores da primavera

João Salvador

 

É a estação do ano que traz o reino encantado da natureza e o equilíbrio da biodiversidade. Tudo se aflora, como a fauna e a flora, de maneira leve, agradável, diferentemente do período atípico invernal desse ano, com as temperaturas elevadas, ar seco e incêndios por toda parte. A natureza se recupera dos infortúnios e estabelece o seu típico esplendor, cheio de flores, cheia de encantos.

Espera-se que as previsões sejam favoráveis, de chuvas mais frequentes, suficientes para que os nossos rios deixem de se expor na calamidade da situação atual, de pedras sobre pedras. Que não falte a água nas torneiras, nem seja preciso racioná-la. As pancadas de chuva, que geralmente ocorrem no final da tarde ou à noite, deixam as manhãs e as tardinhas sempre mais fresquinhas.

A grande importância das chuvas ocasionais é a redução dos efeitos da poluição industrial e dos particulados em suspensão, resultantes das queimadas urbanas e dos incêndios florestais, como estão ocorrendo. Com o ar mais úmido, os leitos hospitalares serão menos ocupados com os portadores de crises respiratórias repentinas e os sintomas de “olhos secos”, tosse seca, rouquidão e de crises alérgicas.

É a fase em que os agricultores colocam para funcionar as suas máquinas e implementos agrícolas, à espera de fartas colheitas e dos bons preços de mercado de seus insumos. Com a terra tombada, revolvida, afofada, adubada e úmida, sob o sol quente, as sementes nascem e, em pouco tempo, forma-se um tapete verde na superfície plantada.

A primavera nunca foi silenciosa, pois é a época da procriação das espécies, da revolução dos bichos, da volta dos pássaros com seus chilreares, dos sons peculiares, alegres e sinfônicos. Formam-se os jardins multicoloridos, flores de diferentes matizes, que exalam suas agradáveis fragrâncias de seus nectários, à disposição das fascinantes borboletas e das abelhas, que ajudam na polinização e na fecundação das flores. E ainda, o canto ensurdecedor das cigarras, cujo som se sobrepõe aos demais. Bela composição paisagística nos centros urbanos, transmitindo a sensação de bem-estar, de frescor, de paz e harmonia.

Por fim, aguarda-se que nesta primavera seja melhorado o convívio social e fraterno. Que a esperança renasça em nosso país, que renasça também nos corações humanos, os cuidados com a nossa generosa Mãe Natureza e o amor por todas as formas de vida.

 

João Salvador é biólogo e articulista.

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