Sindicalismo – Sinticompi busca equilíbrio entre patrão e trabalhadores

Milton Costa: “negociações são realizadas de forma local”. Edson Lopes de Campos

 

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, Milton Costa, fala dos 24 anos de luta para melhoria das condições de trabalho

 

 

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de Piracicaba (Sinticompi), Milton Costa completa 24 anos de história na luta por melhoria de condições dos trabalhadores dessas categorias.

“Entrei em 1999 para a ação sindical. Antes tinha um procedimento dentro do sindicato que era mais partidário. Mas na primeira eleição, em 2000, já aconteceu o racha. Porque a intenção do presidente era manter uma aliança política e o nosso era criar uma aliança com os trabalhadores. E aí foram sete camburões aqui, uma disputa muito acirrada e nós vencemos”, lembra o presidente do Sinticompi, Milton Costa.

Então vieram as primeiras modificações, com a conquista de garantias para trabalhadores e patrões. “Nós precisávamos de um respaldo de garantia para os trabalhadores, uma convenção coletiva, que hoje é feita em todo o estado de São Paulo. E trabalhamos muito com a Fiesp, pois lá estão os sindicatos patronais”

A partir de diagnósticos, as negociações começam a ser realizadas de forma local. “Fizemos um diagnóstico e o índice de acidentes de Piracicaba estava acima da média nacional, que era 2,5 na época e nós trilhando o 3,5. Conseguimos essa informação com o Centro de Referência dos Trabalhadores, o Cerest, além de Roberto Gouveia que na época deputado federal. Colocamos fiscalização e começaram a nos ajudar verificando as obras irregulares, embargando. A partir daí o sindicato começou a ter um pouco de poder de transformação da categoria, porque estávamos combatendo e não escondendo essas empresas”, conta o sindicalista.

As faltas eram um problema reclamado pelos sindicatos patronais, além de cumprimento de jornada e falsificação de atestados médicos. “Tínhamos casos que a pessoa falsificava o cid. Começamos a chamar as empresas para conversar. O valor do piso era muito baixo, mas era o que tinha e as empresas e nós precisávamos de mais garantia. Então trabalhamos isso. Tinha 3,5 de inflação para o piso, pedíamos 4 %, para incentivo aos trabalhadores”, fala.

O acordo foi feito de forma que a empresa pudesse cobrar do trabalhador o atestado médico carimbado no sindicato. “Tinha pessoa que pedia cinco, seis atestados no mês, mas com o carimbo do sindicato a pessoa que queria fraudar o atestado começou a ficar constrangida”.

De acordo com Milton houve uma mudança de 75% em relação ao comportamento em questão às faltas e ao comprometimento do trabalhador nos resultados. “Sentamos para analisar os problemas dos patrões e dos trabalhadores. Porque a Lei da Participação dos Resultados pede para que as empresas negociem, não tem nada pronto. Mantivemos um salário mínimo nacional e a partir daí nasceu a participação nos lucros, pois é uma lei para se negociar, a empresa não é obrigada”, esclarece Milton.

Hoje o Sinticompi conta com mais de 5 mil sócios e segue na luta da campanha salarial 2024. As próximas datas base são para o mês de outubro, das categorias Mármores e Granitos, Cerâmica Branca e Cerâmica Vermelha.

 

 

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