Alvaro Vargas
A limitação financeira éumfator importante a ser considerado,na decisão do casal quanto ao aumento da prole. Emboraesta seja uma decisão do casal, o Espiritismo esclarece que antes da reencarnação, estabelecemos um planejamento com vários objetivos a serem atingidos, incluindo o número de filhos. Mesmo que o projeto reencarnatório na Terra seja flexível, devido ao estágio evolutivo da Humanidade, existe um compromisso com vários Espíritosna composição do núcleo familiar, geralmente aqueles com quem tivemos algum relacionamento pregresso, amigável ou não. Segundo o Espírito Joanna de Ângelis (FRANCO, D. P. SOS Família, cap. Família), a formação familiar pode ser caracterizada como um “grupo de Espíritos normalmente necessitados, desajustados, em compromisso inadiável para a reparação, graças à contingência reencarnatória”. Assim, são formadas muitas famílias terrenas, onde, vítima e algoz, convivem sob o mesmo teto, permitindo a reparação e a reconciliação entre antigos adversários. É a misericórdia divina, intercedendo, para que o ódio e o ressentimento que existiam, sejam substituídos pelo amor.
Portanto, a menos que existam limitações reais que impeçam os cônjuges de ampliar a sua prole, recusar ter filhos apenas por egoísmo, se configura como um fracasso, conforme o planejamento que foi acordado, podendo acarretar consequências desagradáveis e imprevisíveis nesta encarnação e nas existências futuras.São homens que não querem renunciar ao seu estilo de vida e ao entretenimento, como esportes, filmes, encontro com amigos etc. Similarmente, mulheres que se esmeram na aparência do corpo físico e não desejam vivenciar as alterações naturais que ocorrem durante a gestação, e recusam a maternidade. Preferem manter uma vida superficial e fútil, ou dedicar-se a inúmeras atividades profissionais, não querendodispender o seu tempo no lar, cuidando de crianças.
Mesmo tendo todas as condições propícias para aumentar a prole, muitoscasais, devido ao abuso do livre arbítrio relativo que Deus nos concedeu, refutam a oportunidade oferecida, limitando o número de filhos. Entretanto, caso osEspíritos destinados ao casal sejam pouco evoluídos, estes, ao se sentirem traídos no compromisso que foi firmado,podem iniciar um processo obsessivo contra a família. Também, pode ocorrer delesrenascerem em outro local, precário, onde dependendo das circunstâncias, sejam influenciados ao ponto de desenvolverem uma índole desumana e pervertida.Mas a justiça de Deus é perfeita, e conforme esclarecido pelo Espírito Joanna de Ângelis (obra citada, cap. Limitação de filhos), “os filhos não chegados pela via normal, não obstante, alcançarão a casa dos sentimentos negados, utilizando-se dos sutis recursos da Vida, que reaproximam os afins pelo amor ou pela rebeldia quando separados, para as justas reparações. Alguém que te chega, perturbando a paz. Outrem que te rouba pertences e sossego. O ser que te sobrecarrega de dissabores. Aquele que de fora desarmoniza a tua família. O vadio que adentra o lar. O viciado que corrompe quem te é caro. O aliciador que chega de longe e infelicita o filho ou filha que amas”.
Por isso, os cônjuges devem analisar com cuidado a limitação do número de filhos. Não considerar apenas as questões financeiras ou ambições profissionais, aprendendo a superar a ilusão do mundo material e refrear o consumismo. Um projeto reencarnatório é um compromisso sério, e deve ser considerado desta forma. Na vivência cristã, a família sempre encontrará as respostas para a tomada das decisões corretas. Havendo possibilidades, não devem medir esforços para receber novos Espíritos como filhos queridos no lar, na certeza de que cumprirão a vontade de Deus ao cria-los, educando-os para serem homens de bem.
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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-PhD, presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita