O policial, o político, o preconceito e a lacração

Dirceu Cardoso Gonçalves

Lamentável a postura de segmentos do meio político sobre às escolhas de dois ex-comandantes da Rota, a tropa de elite da Polícia Militar do Estado de São Paulo, para participar da sucessão eleitoral na capital. Os convites do prefeito Ricardo Nunes (MDB), ao coronel Ricardo Mello Araújo, que aceitou ser candidato a vice-prefeito, e do candidato deputado Guilherme Boulos (PSOL) ao coronel Alexandre Gasparian, que integrará seu plano de governo, causaram ruídos, informa a imprensa. Puro preconceito, na nossa opinião; o mesmo a que a força policial é frequentemente submetida quando executa tarefas de repercussão. Os contumazes inimigos da corporação e da tropa de elite se posicionam criticamente e pouco se importam em conhecer pormenores, pois o objetivo básico é a lacração política e social.
Todos haverão de, um dia, abandonar o ativismo exacerbado e trocá-lo pela razão. Os dois militares chamados a colaborar na campanha e – certamente – ao governo que vencer as eleições, são profissionais de alto nível, reconhecidos, que ao longo dos anos exerceram sua atividade e chegaram ao comando da tropa especial. E, mesmo que não tivessem sido comandantes, fazem parte de um corpo de segurança que emprestou seus esforços e dedicação para a manutenção da ordem e do bem-estar da população. Rotulá-los negativamente – assim como a todo policial pelo simples fato de fazerem parte do meio, é um injustificável engano só cabível na cabeça daqueles que pensam de forma surreal e pouco valorizam o respeito institucional.
A Rota – Rondas Ostensivas Tobias de Aguar – criada em 1970, dentro do quadro de necessidades de segurança vigentes na época, tem como característica o atendimento imediato das emergências. Seu quadro é composto por policiais que, além da qualificação da PMESP, dispõem de treinamento específico para aquele tipo de serviço. Ao longo dos seus 54 anos de atividade, ampliou e adaptou seu trabalho às necessidade de cada época. Seu quadro de feitos é imenso e – é bom destacar – confunde-se com os da Polícia Militar em sua existência mais que centenária de proteção à comunidade.
O fato de dois políticos de ponta na disputa eleitoral paulistana terem ido buscar ex-comandantes da Rota para auxiliá-los é o reconhecimento do trabalho da tropa de elite e da própria corporação militar. Vale destacar que outros ex-integrantes da Polícia Militsar e do grupo de elite – entre eles o  secretário da Segurança Pública, capitão Guilherme Derrite, hoje deputado federal licenciado – exercem profícua atividade de proteção à sociedade e aos cidadãos. Tanto que, apesar das ações dos inimigos da instituição policial – muitos deles ligados aos esquemas criminosos – as estatísticas revelam que a grande maioria do povo – 97% em relação à Rota – vê com bons olhos o seu trabalho. Especialmente os que algum dia sentiram-se ameaçados e puderam contar com o socorro e a proteção da força de segurança.
Erram os que, a título de serem supostamente democráticos ou politicamente modernos, tentam deslustrar os trabalhos da PMESP (e da Rota) e confundem a atividade, buscando comprometer os integrantes da força. A atividade de segurança é de risco. A polícia é a depositária do poder da força coercitiva do Estado. Há episódios em que, infelizmente, a solução pacífica é impossível. Nesses casos, utiliza-se a força necessária para evitar o mal maior representado pelo ataque dos criminosos à família e à população. As operações buscam, sempre, o efeito colateral de menor porte. Mas, mesmo assim, todas as atividades resultam em rigorosa investigação pelo sistema de autoregulação da própria instituição policial.
Os egressos de um meio, com tanto treinamento e controle, não merecem sofrer o preconceito que o interesse – na maioria das vezes subalterno e até criminosos – tenta lhe impingir, pois suas carreiras são plenas em treinamento e cuidados próprios e da instituição. Infelizmente, confrontos são inevitáveis e, não raramente, deles pode resultar a perda de vidas. Tanto no lado marginal quanto na equipe policial.
Os policiais – tanto da Rota quanto das outras forças –, convocados para funções políticas ou sociais, são lembrados por seus feitos no dia-a-dia da segurança. A experiência adquirida no duro mister os credencia a prestar relevantes trabalhos à administração pública e ao povo. Merecem todo o respeito…
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo; email: [email protected]

 

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