A Festa do Divino em Piracicaba: tradição e fé

Barjas Negri

A Festa do Divino Espírito Santo é uma das celebrações religiosas mais tradicionais e importantes de Piracicaba, chegando neste ano à sua 198ª edição. As festividades, que ocorrem de 7 a 14 de julho no Largo dos Pescadores e na Avenida Beira Rio, combinam elementos religiosos e culturais, remontando ao período colonial. Esta celebração continua a ser um marco significativo na vida comunitária e espiritual de seus participantes.

A Irmandade do Divino Espírito Santo organiza a festa, sob a liderança do presidente Victor Alberto Totti e das diretoras de eventos Sabrina Casarin e Valéria Totti. O casal festeiro deste ano é Rafael Protti e Liliane Sartori.

De acordo com registros históricos, a Festa do Divino Espírito Santo, brasileira, tem influência portuguesa e está relacionada aos festejos realizados em épocas de colheita, com o objetivo de arrecadar e distribuir donativos em períodos de escassez de alimentos. A festa foi trazida para Piracicaba pelos primeiros povoadores, quando Viegas Muniz introduziu o Encontro das Bandeiras no rio Piracicaba para pedir a cura das doenças que atingiam os moradores ribeirinhos na época.
Originalmente, a festa era realizada em dezembro, seguindo o período de colheita. Mais tarde, passou a ser realizada em outubro e depois em junho. Em 1964, passou a integrar o calendário da Igreja Católica, sendo realizada na primeira quinzena de julho, cinquenta dias após a Páscoa.
A preparação para a Festa do Divino em Piracicaba começa meses antes da data principal. A organização envolve a comunidade local, especialmente os festeiros, que são responsáveis por conduzir as atividades. Escolhidos anualmente, os festeiros têm a missão de coordenar os eventos religiosos e sociais, além de arrecadar fundos para a realização da festa. Aproximadamente 200 pessoas participam como voluntários na organização da festa.

Durante a Festa do Divino Espírito Santo de Piracicaba, ocorrem diversos rituais e eventos, incluindo missas campais, procissões, mortalhas, encontros de barcos, levantamento do mastro, danças, cantorias, apresentações folclóricas, leilões e barracas de comidas típicas. A população e visitantes participam ativamente dos eventos, que envolvem tanto a parte religiosa quanto as festividades culturais.

No domingo, 7 de julho, acontece a Missa da Derrubada dos Barcos, celebrada pelo capelão da festa, padre Henrique Asi, na sede da Irmandade do Divino. No dia 13 de julho, considerado o dia do grande encontro para as festividades, ocorre a tradicional apresentação da congada de São Benedito, seguida pela apresentação da Congada do Divino Espírito Santo no Largo dos Pescadores.
A procissão é um dos pontos altos da festa, começando na Capela do Divino e passando pelas mortalhas da Rua Capitão Antônio Corrêa Barbosa, seguindo pela Avenida Alidor Pecorari até o campo do União Porto, retornando pela Avenida Beira Rio até a Rua Moraes Barros. O momento mais emocionante é o Encontro das Bandeiras, realizado no rio Piracicaba, entre os Irmãos do Rio de Cima e os Irmãos do Rio de Baixo. Nesse mesmo dia, acontece a Missa do Encontro das Bandeiras, encerrando com um jantar e shows musicais na sede da Irmandade do Divino.

No domingo, 14 de julho, último dia das festividades, o bispo Dom Devair da Fonseca celebra a missa na Catedral. Após a missa, há uma procissão até a Capela de Nossa Senhora Aparecida, além da passagem das bandeiras para os festeiros de 2025.

Além de suas funções religiosas, a Irmandade do Divino Espírito Santo tem um impacto significativo na vida social e cultural de Piracicaba. A festa não só fortalece os laços comunitários, mas também promove a identidade cultural local, preservando tradições centenárias. Os recursos arrecadados durante a festa são frequentemente utilizados para fins beneficentes, ajudando a comunidade em diversas áreas, como saúde, educação e assistência social.

Em 20 de dezembro de 2016, a Festa do Divino foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial de Piracicaba. Na solicitação do registro feita ao Codepac (Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba), o Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba) destacou que “o reconhecimento e valorização da Festa é um dos pressupostos para a preservação da mais antiga e de grande expressão manifestação festiva e religiosa da cultura piracicabana”.

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Barjas Negri, professor, economista,prefeito de Piracicaba por três gestões

 

 

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