Antonio Roberto de Godoi
Neste texto não há posicionamento racionalizado sobre o aborto. Aqui se parte do princípio de que a lei dos homens é falha. Falha porque o homem é falho; imperfeito; corrupto e mau; logo, quem somos nós para julgar?
Aqui se entende que há um Poder Supremo (Deus-Pai Criador) e cabe a Ele julgar os homens pelos seus atos. O livre-arbítrio de cada um é o poder de livre escolha de todos os seus atos; e a consciência de cada um, o seu guia.
O hipócrita julga e arvora-se a falar em nome do Deus-Criador; tenta assumir cargo por autoridade própria, não por delegação divina. A Suprema Criação tem sua lógica e seus parâmetros para medir e julgar nós pobres mortais, robôs bioquímicos de carne e osso facilmente manipulados por inteligências malignas e semeadoras de ódio.
A Criação é muito high tech para a compreensão meramente humana sobre a condenação ou absolvição da humanidade terrestre, em sua maioria ainda ignorantes, inconscientes e de nível evolutivo primitivo.
A dimensão da espiritualidade, muito além da 5ª Dimensão conhecida, ainda é incompreensível para o ser humano egoísta, mesquinho e que sente mais plenitude e prazer na semeadura do ódio do que no cultivo do Amor no coração dos seus semelhantes.
A “PEC do Estupro”, como popularmente se tornou conhecido o projeto de emenda à nossa Constituição Federal, alteração de nossa Carta Magna que permite condenar crianças, meninas, adolescentes e jovens estupradas com penas de 20 anos de prisão, muito superiores às daqueles que as estupraram, é fruto de mentes doentias e insensatas; reflexo de falsa religiosidade e alinhamento com o que há de pior na política: ideologia de extema-direita; e em nosso País representada pelo bolsonarismo fanático e cruel.
Essa PEC expõe homens que se dizem religiosos, políticos zelosos pela pátria e pela família, mas que defendem, com absurdas doses de ódio e intolerância, a punição de inocentes vítimas de abusos e estupro; e, de novo, colocando-se no lugar do Criador Universal a ditar leis humanas imperfeitas e hipócritas.
Deixar a cargo e à consciência de cada um para decidir é o máximo respeito ao nosso Deus-Pai Criador e ao livre-arbítrio humano. A Clava da Justiça Divina, implacável e certa, há de julgar inexoravelmente a todos igualmente: os que usurpam o papel de legisladores, formuladores de leis; e os que acidentalmente venham a transgredir as Leis Divinas.
O espetáculo deprimente, demagógico e hipócrita proporcionado pelos deputados e senadores da extrema-direita brasileira em nosso Congresso Nacional e, por extensão e seguimento burro, da tacanha Câmara de vereadores de Piracicaba (salvo raríssimas e honrosas exceções: Rai de Almeida; Sílvia Morales do Mandato Coletivo; e Josef Borges) reflete o tamanho de cada um; e o interesse de cada um.
O último representante do Pai Celestial-Criador na Terra, Jesus de Nazaré — o Cristo encarnado — de que forma reagiria se a ele se apresentasse uma jovem em desespero por uma questão abortiva? Alguém se arrisca ou se atreve a dizer? Condenaria ou acolheria?
Os religiosos-políticos, travestidos de senadores, deputados, vereadores, não são representantes de Deus na Terra; e nem são curadores das inúmeras pretensas contas bancárias de Deus, em cujo nome é arrecadado todo o dinheiro possível dos ingênuos, desavisados e inconscientes seguidores de igrejas, de pastores, de padres e de bispos milionários.
Em nosso País, os políticos da extrema-direita, senhores de visão limitada e maldosa, fomentam o ódio e o mantém aceso em seus fanáticos seguidores ao ressuscitarem o tema aborto, usando-o com fins políticos e demagógicos. E num momento nada a ver. O País precisa de paz.
A verdadeira doutrina Crística é a do amor fraterno, não a da condenação. Uma mulher estuprada, qualquer que seja a idade, precisa de amor e acolhimento. Não de condenação! Os ignorantes das leis metafísicas são os verdadeiros cancros da humanidade, sempre a elaborar leis injustas e impiedosas. São cegos ditando regras.
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Antonio Roberto de Godoi, pesquisador, jornalista, radialista