Propinas, bolas e jabás!

Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho

 

Existe um enorme rol de sinônimos para propina que nossa corrupção sistêmica tem produzido efeitos curiosos dentro dos números da sinonímia, mas temos que ter cuidado para deixar que denotações, conotações e figuras de linguagem não nos precipitem a conclusões falsas sobre o caráter do brasileiro.

Há estudos antigos sobre políticos, empresários e funcionários públicos de alto escalão que são dedicados à privatização criminosa do dinheiro publico quando chamam a grana da corrupção por nomes fofos e jocosos, ratificando a frase “O criminoso nunca está a altura do seu crime, ele sempre o diminui”.

A linguagem codificada restrita a certos grupos sociais utilizando-se de gírias, jargão ou patoá não é exclusiva do submundo do crime ou da economia informal, também se faz presentes em sociedades secretas, especialistas, políticos e marginais.

Apelidos para propina como: jacaré, pixuleco, oxigênio, charuto, bacalhau, dim dim, bola, pedágio, café, cervejinha, jabá, lambuja, lambisgoia, gruja, comissão, xixica, alguns até com linguagem poética, abusam de metáforas e eufemismo com efeito cômico, carinhoso, perverso e até gentil, é tudo propina, as mais bonitinhas são: “dinheiro não contabilizado” ou  “para o leite das crianças”, tão “bonitas” que parecem não ser crime.

Quantas palavras para designar suborno, não há mais paginas de dicionário que suporte, receber propina é crime, não existe necessidade de centenas de sinônimos, pois o alfange, a cimitarra ou o machado bateu com toda a força sobre a calvária dividindo os hemisférios cerebrais, ou seja, a foice partiu a cabeça ao meio, isto é crime.

Não existem sinônimos, gírias ou patoá, pois quem recebe propina é ladrão! Cadeia para os bandidos porque as figuras de linguagem pertencem aos poetas.

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Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico

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