Mudanças ambientais

Élcio Maichacki

Reverencio a poesia e expresso aqui o meu grande apreço pelos poetas mundo afora. Afirmo com toda certeza de que a humanidade seria insossa sem a poesia. Os poetas são ímpares, cada qual, com sua verdade poética, necessária para expressar a humanidade na sua forma autêntica, mais original possível, que só a poesia sabe fazer, expressar. Desta forma peço licença ao poeta, ou aos poetas da célebre expressão, que diz mais ou menos assim: “Podes cortar uma, duas, ou três rosas, mas jamais impedirão a chegada da Primavera.”

Minha licença metafórica, e sei que o contexto escrito da frase foi outro e sua finalidade também, mas me utilizo desta reflexão poética no sentido de em tempos de mudanças de clima e interferência humana na natureza fazer com que, infelizmente ocorra a confusão das estações climáticas fazendo com que a primavera de verdade não chegue ou chegue de forma confusa, bagunçada. Neste mês de junho de 2024, tivemos no SESC Piracicaba, o evento “Em clima de mudança”, que nos trouxe muitos temas relacionados ao meio ambiente e suas mudanças no sentido de alertar para as transformações negativas que estão ocorrendo com o nosso clima no planeta inteiro.

Nós, humanos, conscientes e criativos, sabemos que estamos intrinsicamente ligados ao meio ambiente, fazemos parte dele, precisamos da sua água, do seu ar, da sua terra, do seu fogo, para nos mantermos vivos e desta forma também com todos os outros seres vivos do planeta. Com essa consciência defendo a natureza e o meio ambiente há um bom tempo. Sou daqueles que espera a estação chegar para ver os primeiros ipês se despirem das folhas para colorirem-se com suas vestimentas floridas. Fico aguardando o dia certo e com pouca margem de erro para acompanhar o surgimento das flores dos ipês, da mangueira. Olho para o céu e observo riscos em espirais, estilo Van Gogh, de nuvens traçadas pelos ventos tendo a previsão de chuva à vista. E toda vez ano a ano as coisas vão acontecendo num ritmo normal orquestrado pela natureza de forma harmônica, sem sobressaltos ou mudanças radicais.

Assim, por algumas décadas, dentro desse tempo de minha observação pude notar a natureza seguindo seus ciclos sazonais em relativa conformidade com suas estações; porém o que tenho percebido ultimamente são as mudanças climáticas. Espero as primeiras folhas do ipê caírem no início do outono e só começam a se soltar lá para o mês de junho, quase já no inverno. As flores da mangueira também estão atrasando. A Içá, uma formiga utilizada tradicionalmente como uma iguaria por muitos povos indígenas e gentes do sertão já não levanta voo igual antigamente naqueles tempos chuvosos da primavera e do verão.

Desta forma, me coloco como um simples e leigo observador da natureza, não técnico, ou cientista ambiental, tenho, apenas, singela consciência dessas mudanças e que por isso convido a todos e todas cidadãs e cidadãos de bem, éticos a buscarem fazer a sua parte na busca por um meio ambiente mais equilibrado, harmonioso, e feliz: vamos plantar árvores, reciclar ou reutilizar materiais, vamos pedir, exigir políticas públicas que favoreçam a vida podendo assim, diminuir ou mitigar o desiquilíbrio climático, promovendo uma previsão de dias melhores, chuvosos ou secos, mas cada qual, dentro da sua normalidade sazonal, sem susto ou surpresas desagradáveis ou trágicas. Enfim é preciso que todos nós respeitemos a mãe natureza, para ela poder gerar vida equilibrada para todos no presente e no futuro.

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Élcio Maichacki (Professor Élcio da Horta), professor da rede pública estadual de São Paulo, desde 2006. Licenciado em História, Filosofia e Pedagogia

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