Etarismo no mercado de trabalho e na sociedade

Gregório José

O preconceito contra pessoas mais velhas, conhecido como etarismo ou idadismo, é uma das formas mais insidiosas e enraizadas de discriminação em nossa sociedade. Ele se manifesta com uma força brutal, especialmente quando indivíduos se aproximam da marca dos 50 anos de idade. Nesta fase da vida, muitos se veem às portas do desemprego, não por falta de competência ou experiência, mas simplesmente por causa de sua idade. Este preconceito é tanto mais perverso quando se considera que pessoas mais velhas são, em geral, mais responsáveis, pontuais e dedicadas a suas tarefas do que muitos jovens.

As empresas, na busca incessante por inovação e modernidade, acabam por privilegiar a contratação de jovens. Estes, embora dotados de frescor e energia, muitas vezes carecem do conhecimento aprofundado e da experiência prática que só o tempo pode trazer. A ironia é gritante: as corporações buscam inovação, mas ignoram que a verdadeira inovação muitas vezes surge da sabedoria acumulada, da capacidade de assumir riscos calculados e da responsabilidade – qualidades que os trabalhadores mais velhos possuem em abundância. Ao desconsiderar essas competências, as empresas não só perpetuam o ciclo de exclusão, mas também perdem uma riqueza de conhecimento que poderia impulsionar seu crescimento.

O etarismo se estende a outras esferas da vida, resultando em uma crescente marginalização dos idosos. Há uma tendência alarmante de subestimar a capacidade dos idosos, tratando-os como obsoletos ou incapazes de acompanhar o ritmo acelerado das mudanças tecnológicas e sociais. Essa discriminação desrespeita a dignidade dos mais velhos, limita suas oportunidades de contribuição à sociedade.

Um fenômeno particularmente preocupante é o aumento dos casos de agressão e abuso contra idosos. Não é raro ver idosos que, após uma vida de trabalho árduo, têm seus recursos drenados para sustentar os “nem-nem” – jovens que nem trabalham nem estudam, mas que vivem na casa dos pais, usam seu dinheiro e veículos, e ainda têm a ousadia de criticar aqueles que pensam diferente.

A questão se agrava quando consideramos a vulnerabilidade dos idosos no sistema financeiro. Muitos acabam utilizando suas economias para sustentar familiares que, ao invés de buscar sua própria autonomia, preferem explorar o sacrifício alheio.

A sociedade precisa urgentemente rever sua postura em relação ao envelhecimento e à valorização das pessoas mais velhas. É imperativo que se reconheça o valor inestimável da experiência e da sabedoria que os mais velhos trazem. Empresas precisam repensar suas práticas de contratação e inclusão, adotando políticas que valorizem a diversidade etária e promovam um ambiente de trabalho inclusivo.

É crucial que todos nós, como sociedade, promovamos um respeito genuíno pelos mais velhos. Isto significa não apenas protegê-los contra abusos, mas também valorizá-los como membros plenos e contribuintes de nossa comunidade.

Gregório José, jornalista, radialista e filósofo

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima