Tragicomédia

Eloah Margoni

 

Novamente sobre a sessão de 06/06/2024. Dezesseis dos vinte e um vereadores presentes votaram contra o PL 05/2024, da vereadora Sílvia Morales que, se aprovado, ajudaria a diminuir os desequilíbrios climáticos em Piracicaba e região!  A grande maioria dos votantes não lhe deu importância. Consideram irrelevante que agricultores passem, aqui, por secas cruéis, ou que seus eleitores sejam atingidos por inundações dramáticas? Ligam nicas. Contraproducente para os políticos admiti-lo, porém;  daí a conduta teatral. Houve sim aqueles que nem deram  desculpas; de conversas polidas antes do início da sessão,  mandaram depois seu não, na lata.  Negacionismo pragmático existe também. Dizerem à imprensa, eleitores e para si mesmos que não acreditam na questão climática, ou que esta nem se relaciona a atividades humanas é útil, porque, se não acreditam, também não podem ser considerados menos honestos ou abertamente nocivos, não é? Enfim, uma saída eticamente torpe, e arriscada para eles, na prática.

Primeiro lugar foi para o que tirou das mangas a carta coringa. Texto passado aos edis, sobre “ insanidade humana de destruição da Natureza visível integrante do Deus invisível que se adora”, o fez ouriçar. “Eu ia votar sim, dizia ele, mas agora não aprovo, não aprovo, não aprovo mais!”. Chocante é o fato das pessoas não só pensarem que Deus as leva a sério e nelas crê, mas também que foram aceitas como publicitários e capatazes, feitores do Arquiteto Criador de todas as galáxias e seres, de universos inteiros, das realidades paralelas. Ah, vá! Mas assim se comportam.

Teve “especialista” que viu conspirações e “más intenções” ocultas no PL. Segundo ele, o mesmo trazia no bojo, patati, patatá, parangolá. Entre outras, que desejava chegar ao Projeto Boulevard Boyes, com intenção de vetá-lo. Nada tem a ver uma coisa com outra, “aquilo” com as calças. Mas não nos espanta que esteja(m) a ver assombrações. Afinal, pararam uma sessão ordinária da Câmara para atenderem os proprietários da antiga fábrica, quando esses lá chegaram… imaginem.  Já um cidadão comum, pobre, nem tem direito de se pronunciar enquanto rolam os trabalhos. Assim sendo, é claro que se armam, com unhas e dentes, em defesa deste projeto do Maulevard. Mas o que se deve mesmo perguntar em todos os cantos, bairros periféricos e de classe média, no centro, nas associações variadas, profissionais e artísticas, é por que defendem essa destruição da Rua do Porto com tal interesse? Por quê? Por quê? Por quê? Até as eleições, até as urnas, não parem. Por que, por quê? e mais, por qual motivo?

Quanto aos pequenos comerciantes, ou médios e grandes empresários equivocados, os que pegaram nos remos para nos conduzirem a todos mais rapidamente ao abismo, ao despenhadeiro, ao desastre, que pensem, revejam, estudem ao menos a cidade de Porto, que Alegre não voltará a ser. Nem seus empresários estarão em vantagem.

Quanto ao Projeto “Maulevard da Boyes”, o Piracicaba é um rio Federal, segue as legislações federais, e a rejeição do PL 05/2024 não muda essa realidade. Parece que os representantes do povo Piracicabano, na Câmara, ignoram em massa tal fato, mas essa ignorância certamente não surpreenderia a ninguém.

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Eloah Margoni, médica

 

 

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