Ronaldo Castilho
Idealizado pelo então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e implementado durante o governo de Itamar Franco, o Plano Real marcou o fim de décadas de instabilidade econômica, caracterizadas por inflação descontrolada, recessão e incertezas. Em julho de 1994, o Brasil testemunhava um momento histórico que mudaria o curso de sua economia: o lançamento do Plano Real.
Antes do Plano Real, a economia brasileira enfrentava uma grave crise de hiperinflação, marcada por instabilidade, incerteza e perda de poder de compra da moeda nacional. O país sofria com taxas de inflação extremamente altas, resultando em aumentos diários nos preços de produtos e serviços. A economia brasileira também era fortemente indexada, contribuindo para um ciclo vicioso de aumentos de preços e mais inflação. Além disso, o Brasil passou por uma série de planos econômicos fracassados, como o Plano Cruzado (1986) e o Plano Collor (1990), que não conseguiram controlar a inflação de forma duradoura, gerando constante incerteza e instabilidade econômica.
O Plano Real foi um conjunto de medidas econômicas ousadas e abrangentes, cujo principal objetivo era estabilizar a moeda e controlar a inflação. Uma das principais estratégias adotadas foi a criação de uma nova moeda, o Real, que substituiu o cruzeiro real e deu nome ao plano. Além disso, o Plano Real incluiu a adoção de uma política monetária rigorosa, com metas de inflação e a criação do Banco Central do Brasil, responsável por regular a oferta de moeda e manter a estabilidade econômica. O plano também envolveu reformas estruturais, como a desindexação da economia e a abertura comercial, visando aumentar a eficiência e a competitividade do país.
Os resultados do Plano Real foram impressionantes e transformadores. Pela primeira vez em décadas, o Brasil conseguiu controlar a inflação e estabilizar sua economia. A moeda brasileira passou a ter um valor estável, trazendo segurança para os negócios, estimulando o investimento e impulsionando o crescimento econômico.
Além disso, o Plano Real contribuiu para a melhoria das condições de vida da população, preservando o poder de compra dos salários e da renda das famílias. Com a inflação sob controle, os brasileiros puderam planejar seu futuro com mais segurança e confiança. O sucesso do Plano Real contribuiu significativamente para a eleição de Fernando Henrique Cardoso como presidente do Brasil em 1994. A estabilização econômica proporcionada pelo Plano Real gerou um clima de otimismo e confiança na capacidade do governo de promover reformas econômicas bem-sucedidas, fortalecendo sua candidatura. Sua competência e credibilidade como Ministro da Fazenda durante a implementação do Plano Real também foram importantes para sua eleição.
Durante seu governo, FHC deu continuidade ao Plano Real, mantendo a estabilidade econômica e promovendo reformas estruturais para fortalecer a economia brasileira. Ele foi reeleito em 1998, em parte, pelos resultados positivos do Plano Real.
FHC também adotou um regime de metas de inflação e promoveu reformas fiscais para controlar o deficit público e reduzir a dívida do governo. Além disso, promoveu uma maior abertura da economia brasileira ao comércio internacional, reduzindo as barreiras comerciais e buscando acordos comerciais bilaterais e multilaterais.
Apesar dos avanços conquistados com o Plano Real, o Brasil ainda enfrenta desafios econômicos significativos, como alta carga tributária, burocracia excessiva e desigualdade social. A recente crise econômica causada pela pandemia de Covid-19 evidenciou a necessidade de reformas estruturais para fortalecer a economia e promover um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo.
Os 30 anos do Plano Real nos convidam a refletir sobre os desafios e conquistas do passado e a buscar soluções inovadoras e eficazes para os desafios do futuro. É fundamental que o Brasil mantenha o compromisso com a estabilidade econômica, a responsabilidade fiscal e o crescimento sustentável, para garantir um futuro próspero e promissor para todos os brasileiros.
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Ronaldo Castilho, jornalista e cientista político