Agronegócio depende do clima

José Renato Nalini

 

Criou-se um falso antagonismo entre a preservação ambiental e o agronegócio. Este, florescente e próspero, foi a “salvação da lavoura” na economia tupiniquim dos últimos anos. E uma perversão gerada pela desastrosa polarização da sociedade brasileira vinculou o ambientalismo ao esquerdismo. Nada mais falso e equivocado.

O bom agricultor sabe que depende do clima. Que depende da água. Que depende das chuvas. E não pode ignorar que, se houver desmatamento geral, haverá escassez de água e de chuva. E seus negócios se frustrarão.

Os problemas provocados pelo clima afetarão o agronegócio em 2024 e nos anos vindouros. Pois este 2024 será um ano ainda mais quente do que 2023. Isso provocará impacto na produção de grãos. Tudo indica que a safra de soja perderá cerca de 5% e a de milho 10%, o que é bem considerável.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial – OMM, agência da ONU para o estudo do clima, novas ondas de calor alterarão o regime de chuvas. Isso provoca revisões nas projeções da produção agrícola brasileira. Mais um motivo para que os bons cuidadores da terra se interessem pelo tema das mudanças climáticas. E passem a ser preservacionistas, o que não colide com o melhor aproveitamento do solo e das condições, até há pouco incólumes, do abençoado clima brasileiro.

Ninguém pode deixar de se preocupar com aquilo que está causando a maior ameaça já imposta à humanidade: o desaparecimento de qualquer espécie de vida, gerada pela excessiva emissão dos gases causadores do efeito-estufa. Uma civilização construída para proteger o petróleo e os automóveis, não poderia mesmo dar certo.

Voltar-se para a terra, cultivar com carinho e amor, fazer renascer os cursos d’água soterrados para dar lugar ao asfalto, replantar o bilhão de árvores ceifadas pela insensatez e que resultaram em setenta milhões de hectares devastados, tudo isso é urgente. E deve ser a preocupação maior dos bons brasileiros. Em qualquer lugar, porque as consequências da ruptura da Terra com as condições climáticas até há pouco gratuitamente ofertadas à humanidade, já estão sendo sofridas por todos. Acordemos enquanto é tempo.

 

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José Renato Nalini, Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Executivo das Mudanças Climáticas de São Paulo

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