Caiado e a terceira via presidencial

Dirceu Cardoso Gonçalves

Desde que, ao assumir o governo de Goiás, afirmou que, a partir de então, os criminosos teriam de mudar de profissão ou de Estado, Ronaldo Caiado começou a trajetória que poderá levá-lo à presidência da República. A mão firme do seu governo contra o crime aumentou a segurança da população e colocou os goianos em melhores condições do que os moradores da maioria das outras unidades federativas. Não zerou o crime – o que seria impossível – mas caracterizou a região como lugar onde não se protege e nem tolera os malfeitores. Essa e outras providências fez o nome do governador despontar como uma viável terceira via à candidatura presidencial de 2026, alternativa entre as polarizadas e radicalizadas esquerda e direita  Se ocorrer, será a concretização do objetivo não alcançado em 1989, quando Caiado (então presidente da União Democrática Ruralista) foi lançado candidato a presidente, mas o Brasil estava mais preocupado com filigranas ideológicas do que com atitudes concretas como as defendidas pelos participantes do agronegócio.
Hoje, 35 anos depois e com mandatos cumpridos na Câmara dos deputados, Senado Federal e no governo do seu Estado, encontramos o dr. Ronaldo Caiado ainda disponível – e parace que motivado – a trabalhar pelo Brasil em que acredita. E, esta semana, ganhou dois significativos apoios. Do senador Sérgio Moro e do vice-presidente do União Brasil, ex-deputado e ex-prefeito de Salvador (BA), Antonio Carlos Magalhães Neto, que poderiam ser candidatos em 2026, mas declaram abrir mão em favor de Caiado. Essas e outras forças políticas que certamente chegarão podem formar o arco de alianças capaz de mobilizar os 33% dos eleitores não vinculados à esquerda e nem à direita a se unirem na terceira via para eleger o presidente dentro de uma proposta de trabalho e governança distante da mesmice que vem caracterizando os últimos pleitos.

Sempre que a política torna-se polarizada, a tendência é os não seguidores de esquerda ou direita se fragmentem e uma das tendências vencer as eleições. Mas quando surge uma candidatura com proposta capaz de aglutiná-los, vence o novo. Ainda é cedo para o lançamento de candidaturas a uma eleição que ocorrerá em dois anos e meio. Mas nada impede que a cultura do momento vá se consolidando na opinião pública. Existem vários nomes que poderão encabeçar uma proposta de terceira via. Dois prováveis já declararam a desistência. Espera-se que dentro do movimento de bastidores, tanto Caiado quanto os demais identificados como possíveis opções tenham a sensibilidade suficientes para costurar uma aliança sólida e partam unidos para a co nstrução da terceira via que, sem qualquer dúvida, será salutar à vida política do País. Terá o condão de tirar os brasileiros do círculo vicioso da escolha plebiscitária entre dois pólos exacerbados. Com três vertentes competitivas, as eleições serão mais significativas e o eleitor estará mais motivado a participar e, entre os concorrentes, escolher aquele que melhor passa encarnar às suas aspirações.
A reeleição para postos do Executivo – presidente da República, governador de Estado e prefeito municipal – criou um aleijão no processo político na medida em que favoreceu quem está no poder e busca a reeleição em prejuízo dos demais. Agora esse instituto está prestes a ser revogado pelo Congresso Nacional, onde já tramita o projeto eliminador. Embora, para presidente e governador ainda tenhamos de conviver com mais uma reeleição (em 2026), será um grande estímulo à massa votante ter ali a possibilidade da terceira via. Ela tenderá a oxigenar o processo e suscitar maior índice de disputa, situação que atenderia melhor os princípios da democracia.
Pelas escolhas feitas – o presidencialismo democrático – é altamente positivo termos várias correntes com possibilidade de vencer as eleições nos três níveis (federal, estadual e municipal). A alternância no poder é um dos princípios basilares do regime e tem de ser incentivada firmemente. Quando as lideranças se encastelam e permanecem mais tempo do que o razoável, os prejudicados são o País e, principalmente, o povo…
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo; email: [email protected]
 

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