Gestão pública municipal: revelando os bastidores

Micaele Bariotto

 

Na intricada teia da gestão pública municipal, a Secretaria da Educação emerge como um epicentro de desmandos, um retrato distorcido da administração eficiente e responsável que a população tanto almeja. Nos bastidores dessa instituição, o descaso com o serviço público tornou-se a norma, onde os interesses particulares e o ego pessoal parecem suplantar o bem-estar da comunidade educacional.

Diante de todos os acontecimentos, torna-se evidente que houve uma intenção louvável de promover uma educação de qualidade e valorizar os servidores envolvidos. No entanto, o que se observa é mais um exemplo de indivíduos envolvidos em interesses individuais, em detrimento do bem coletivo. O ambiente que deveria ser de aprendizado e desenvolvimento transformou-se em um caos, onde a distorção de funções tornou-se a norma na secretaria.

Auxiliares de ação educativa são pressionados a assumir responsabilidades de professores de educação especial, sob a alegação falaciosa de que “educar e cuidar” são conceitos intercambiáveis. Parte superior do formulário

Professores e auxiliares encontram-se subjugados, subordinados a desempenharem tarefas que não condizem com suas formações e expertises. Essa prática não apenas deturpa os valores essenciais da educação inclusiva, mas também desconsidera os direitos trabalhistas desses profissionais, criando um cenário preocupante para o futuro da educação no local.

Tornam-se, de maneira absurda, sendo direcionados para cargos como, escriturários e secretários de escola, enquanto a valorização profissional é negligenciada. A ausência de um plano de carreira eficaz para todos os servidores, apenas agrava essa situação, transformando o ambiente público em uma caricatura da ineficiência.

A lei, que deveria ser a salvaguarda dos direitos dos trabalhadores, é ignorada na prática, relegada a um mero documento sem aplicação efetiva. Os melhores profissionais, exaustos pela inércia e pela falta de reconhecimento, abandonam seus postos, deixando para trás apenas os resilientes e os resignados.

A ironia atinge seu ápice quando a própria administração prefere gastar recursos em processos trabalhistas do que em garantir os direitos básicos de seus servidores. A negação de horas extras aos professores, especialmente quando estes buscam seus direitos judicialmente, é não apenas ilegal, mas também imoral. Esta é apenas uma amostra da negligência que permeia essa gestão, onde a perseguição aos que buscam justiça é uma prática corriqueira.

O espetáculo de manipulação se desenrola nas redes sociais, onde a gestão pública se veste de perfeição, encantando a massa popular com imagens idílicas e discursos vazios. Porém, aqueles que vivem a realidade das nossas escolas conhecem a verdade por trás das fachadas coloridas: uma gestão marcada pela inépcia, pelo descaso e pela opressão.

Falar de materiais e livros pedagógicos, fazer convênios e parcerias é ótimo, contudo, não se obtém resultados com profissionais estafados em todos os sentidos e oprimidos em todos os aspectos.

Urge compreender que uma gestão da educação pública de qualidade é aquela que prioriza o desenvolvimento integral dos alunos, promove a valorização dos profissionais da educação, garante o acesso equitativo a recursos e oportunidades, e promove uma cultura de transparência. É uma gestão que busca constantemente aprimorar a qualidade do ensino, promovendo a inclusão, a diversidade e o respeito aos direitos humanos.

A atual gestão pública vai na contramão da qualidade, em função de seu ego em sendo, aquela que prioriza os interesses pessoais de seus superiores em detrimento do bem-estar coletivo.

Nesse cenário, as decisões são tomadas visando apenas benefícios individuais ou de grupos específicos, ignorando completamente as necessidades e direitos da população e servidores públicos. O foco está na autopromoção e na manutenção do poder, em vez de buscar soluções que realmente atendam às demandas e aspirações da sociedade.

Uma gestão pública como essa, pautada na banalidade do mal em que os indivíduos, submersos em um sistema ineficiente e opressivo, aceitam passivamente a perpetuação do mal ao seu redor. A desumanização se torna comum, onde seus administradores se desvinculam da responsabilidade moral, justificando suas ações como mero cumprimento de ordens. Nesse contexto, a ética é relegada ao segundo plano, enquanto a obediência cega às hierarquias prevalece. Aqueles que se opõem ou questionam são silenciados, enquanto os que se conformam são recompensados, criando um ciclo vicioso de conivência e oportunismo.

A crise na gestão pública é um reflexo de um sistema que perdeu completamente o rumo, onde a ética e a responsabilidade foram substituídas pelo cinismo e pela ganância. Enquanto isso, nossas escolas definham, nossos profissionais sofrem e nossos alunos são privados de um futuro digno. É hora de encarar a realidade de frente e exigir uma mudança radical, antes que seja tarde demais.

_____

Micaele Bariotto, professora, é funcionária pública municipal

 

 

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima