O Sol nasce para todos

 

Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho

 

“O Sol Nasce Para Todos” é uma obra transcrita de uma série de sonhos narrados pela autora à sua filha, mal acabava de acordar, ainda ao sopor entre o sono e a vigília quando detalhes sequenciais importantes tendem a desaparecer irremediavelmente.

O Sol é para Todos, um Livro que todos deveriam ler.

O Sol é para Todos é um livro em que temas como racismo, injustiça e preconceito social são abordados e narrados a partir da visão ingênua de Jean Louise (Scout), uma criança de seis anos de idade que mora com seu pai (Atticus Finch), seu irmão mais velho (Jem) e uma governanta, na pequena cidade fictícia de Maycomb, interior do Alabama, em meados de 1930.

O livro se inicia com um detalhamento sobre Maycomb, a cidade era claramente dividida: em um lado viviam as tradicionais famílias brancas de classe média e alta e do outro viviam os negros, que, diferente dos brancos, eram pobres, levavam uma vida muito humilde e serviam apenas para realizar trabalhos braçais. A descrição se da também sobre a vida pessoal dos moradores, em especial sobre Arthur Radley (Boo): um homem solitário que poucas vezes fora visto pelos moradores da região, mesmo os mais antigos. O mistério acerca de Boo e da casa dos Radley foi suficiente para alimentar a imaginação das crianças. Scout narra as aventuras que ela, seu irmão Jem e Dill, o sobrinho de uma vizinha, tiveram naquele verão, o quão passaram atormentando Arthur de todas as formas, mas com um certo receio: as histórias a respeito do tal homem sempre causavam medo o suficiente para fazer com que as crianças não fossem longe demais.

Após alguns verões tentando, sem sucesso, fazer contato com Arthur, as crianças passam a ter outros fatos com os quais se preocupar. A segunda parte do livro é marcada pela história de Tom Robinson, um negro acusado de ter estuprado Mayella Ewell, uma jovem branca, filha de Mr. Ewell, pertencente a uma família muito pobre. Atticus Finch que era advogado fora escolhido para defender Tom, o que repercurtiu negativamente na populaçao de Maycomb, a partir de então Scout narra todo preconceito sofrido por ela e sua família pelo fato de seu pai estar em defesa de um negro. Durante o julgamento de Tom Robinson, mesmo após Atticus usar de todas as provas e deixar claro a inocência do homem, Tom é condenado. Através da visão de Scout, ingênua e sem o entendimento do preconceito presente, é possível sentir toda a revolta e a injustiça que ali ocorreram. Após a condenação, Tom é enviado para a prisão, onde é morto pelos policiais com dezessete tiros sem uma justificativa convincente para tal fato, deixando claro mais uma vez a forte presença do preconceito.

Em sua última parte, o livro volta para um personagem muito explorado no inicio, Arthur Radley (Boo), que depois do julgamento de Tom, salva Jem e Scout de um ataque de Mr. Ewell, que em uma tentativa de vingança contra Atticus, por ter defendido um homem negro acusado de estupro, tenta matar seus dois filhos, Boo para salvar as crianças acaba matando Mr. Ewell. O encerramento do livro se da por uma conversa entre Atticus e Scout, na qual ele explica para a filha o porque não condenariam Arthur Radley por assassinato, “seria como matar um rouxinol” diz Scout, remetendo ao título original do livro, o qual se faz presente em inúmeras ocasiões. O rouxinol representa a inocência, e mata-lo é como matar a própria inocência, como condenar alguém puro, cometer um ato de injustiça. Após todos os acontecimentos, tanto com Boo quanto com Tom, fica explicito quais as consequências de um julgamento antecipado, do próprio preconceito. A última fala de Atticus é direcionada para Scout, alegando que “a maioria das pessoas são boas quando finalmente as conhecemos.”.

“O Sol é para todos” é um livro que transcende o tempo e o espaço. Embora seja ambientado em uma época específica da história americana, suas mensagens sobre justiça, igualdade e compreensão mútua são atemporais, ou seja, nada ou quase nada mudou desde então.

Belo livro que faz todo mundo pensar sobre o Preconceito…

Escrito em 1960 por Haper Lee. Mas como já disse, muito atual em seu enorme conjunto sobre todos os preconceitos que temos hoje, seja em todas áreas   do conhecimento humano.

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Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico

 

 

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