A sucessão do Adilson Maluf (2)

Antonio José Lásaro Aprilanti

 

Como dito no artigo anterior: “A Sucessão do Adilson Maluf (1)”, publicado no dia 25 de abril de 2024, a sua sucessão continuava em aberto quanto ao seu candidato, até que, já perto da data da realização da convenção do MDB, o João Herrmann, que até então continuava negando sua pretensão de ser candidato na vaga do prefeito.

Para minha surpresa, e, como eu continuava sendo a única opção como candidato do prefeito, alguns dias antes do prazo para a definição, recebi a visita do João em minha casa, na rua José Pinto de Almeida, acompanhado pelo José Aparecido Borghesi e o Frederico de Moraes Nobre, dizendo que queria conversar a respeito da indicação e que, embora sempre tivesse negado ser pretendente ao cargo, iria lutar pela sua indicação na vaga do prefeito.

Na mesma hora, disse: não tem problema, vamos falar com o Adilson, pois eu havia aceitado a indicação por pressão dos demais secretários e amigos e porque não havia outro pretendente.

Na realidade a sua negação anterior era uma jogada política, costumeira dos políticos “espertos”, no sentido de se fazer de difícil para depois ser convidado e aclamado como a salvação. Junto ao secretariado e aos correligionários políticos ligados ao partido e ao Adilson, havia uma grande rejeição com relação ao nome do João pela forma com que vinha atuando junto ao grupo. Certa ocasião frente ao descontentamento de alguns secretários em relação ao colega, vislumbrava-se a possibilidade de pedidos de demissão.

Na busca de resolver esse impasse internamente, após retorno do Adilson de uma viagem a Brasília, fomos esperá-lo em São Paulo, eu, o Storel e o Gentil Chain – seu cunhado —, para uma conversa em particular e expor a situação reinante na equipe e o mau estar com a forma de atuação do João, causando uma divisão interna junto à equipe.

Esses problemas, do ponto de vista administrativo, foram contornados, mas a situação continuou a mesma até o dia da convenção que deveria, finalmente, definir o candidato do prefeito. Na noite da convenção do partido em que se daria a escolha dos três candidatos do MDB, foi realizada uma reunião no gabinete do prefeito onde participaram, o Adilson, o deputado federal Pacheco Chaves, o deputado estadual Coelhinho – Francisco Antonio Coelho —, o João Hermann e eu, Aprilanti. Os três políticos achavam que eu era o melhor candidato pelo meu trabalho desenvolvido à frente da secretaria de planejamento. Eu continuava afirmando que deveriam optar pelo João que decidira assumir a candidatura e lutar pela eleição.

Resolvendo o impasse, o Adilson propôs uma solução em que o João seria candidato a prefeito e eu a vice com o que eu, em princípio, acabei aceitando. Terminada a reunião, na antessala do gabinete do prefeito, estavam os secretários da administração e outros adeptos políticos, e o Adilson anunciou a decisão. Houve um protesto veemente no sentido de que não aceitavam aquela solução, chegando alguns, como foi o caso do Hidinho Maluf, irmão mais novo do Adilson, embora jovem, muito envolvido com a política e defensor da minha candidatura, afirmado que eu não deveria ter aceitado aquela solução, e que sabia que sozinho “iam me dobrar”. Nesse mesmo instante afirmei que, dadas as circunstâncias, abria mão de ser candidato a vice. O impasse levou à solução de escolher José Aparecido Borghesi para compor como vice na chapa do João Hermann.

Dali, fomos direto para a reunião da convenção do partido que seria realizada na sede do Italo – hoje Sociedade Italiana -, na Rua D. Pedro I. O Coelhinho coordenou a reunião dirigindo a mesa, o processo de votação e a contagem dos votos dos membros do diretório do partido com direito a voto, cuja votação dar-se-ia de acordo com as normas regimentais do partido. Os votos eram escritos a mão num pedaço de papel e, cada membro do diretório, com direito a voto, votaria e depositaria seu voto na mesa para ser contado. O candidato deveria receber um determinado percentual de votos dos convencionais habilitados para ser oficializado como candidato.

O Coelhinho fazia a recepção e contagem dos votos de cada candidato e em seguida colocava na Ata. Ele fez a contagem dos votos e, em particular, o do João e escreveu na Ata um número maior que o contado e em seguida rasgou os votos e jogou no cesto. Eu, estando ao lado, notei o erro e falei a ele o que vi, ele então me cutucou com o braço e me olhou dando a entender que eu ficasse quieto. Os votos contados não dariam o quociente e a candidatura do João não seria efetivada, entretanto, duvido que algum político faria diferente, aos menos que alguém ache que política é coisa séria. Menciono esse fato — ou essa manobra —, porque me chamou a atenção e foi determinante à sua candidatura, ao seu futuro e sua carreira política.

Nessa convenção, o MDB apresentou três candidatos a prefeito municipal: Américo Perissinoto, João Herrmann Neto e o vereador Frederico Alberto Blaawn. A equipe de governo do Adilson, seu secretariado e correligionários políticos continuaram descontentes e não aceitando a candidatura do João, por outro lado a Arena – Aliança Renovadora Nacional —, se lançou na disputa com três candidatos: Romeu Italo Rípoli, Jairo Ribeiro de Mattos e Benedito Fernandes Faganello.

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Antonio José Lásaro Aprilanti, arquiteto e urbanista

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