Vacinas para alergias

Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho

A imunoterapia com alérgenos, também chamada de vacinas para alergias, é um tratamento para doenças alérgicas, que vem sendo utilizado há mais de 60 anos, com o objetivo de diminuir a sensibilidade de pessoas que são alérgicas a determinadas substâncias, e consiste na aplicação de extratos alergênicos por via subcutânea ou sublingual, às quais o paciente é sensível, seguindo administração em doses crescentes por um período variável de tempo (2 a 5 anos), induzindo então uma série de respostas imunes que estão associadas à melhora clínica.

Alergia é uma reação do sistema imunológico que causa inflamação, por meio da formação de anticorpos chamados de Imunoglobulina E (IgE). Estes anticorpos são específicos e reagem contra antígenos do meio ambiente como por ex: ácaros da poeira, fungos, polens, insetos, pelos de animais, veneno de abelha, vespa e formiga; alimentos, produtos químicos, látex ou seja borracha natural.

A reação alérgica pode ocorrer de forma imediata após o contato com o alérgeno; exemplo seria a reação anafilática desencadeada por picada de abelha, contato com látex, alimentos, ou se estabelece lentamente de forma crônica como, por exemplo, na rinite e na conjuntivite alérgica; estas manifestações dependem do grau de sensibilização, da quantidade de anticorpos IgE, do tipo de alérgenos e da frequência de contato com os mesmos.

A indicação da imunoterapia deve ser fundamentada nos testes cutâneos, na comprovação da sensibilização pelos anticorpos IgE do sangue, na avaliação do quadro clínico e na disponibilidade dos extratos alergênicos para o tratamento.

É importante ressaltar que medidas de controle do ambiente, utilização de terapêutica preventiva e medicação para tratar as crises devem ser associadas ao tratamento com a imunoterapia.

Os benefícios das vacinas estão baseados na modificação da resposta imune; os estudos demonstraram a sua eficácia na rinite, na asma, na urticária e na alergia a picada de insetos, levando à melhora da qualidade de vida para pessoas alérgicas e, cada vez mais nota-se, que o tratamento com vacinas também interfere na manifestação de outros alérgenos provocadores de reações cruzadas e conseguem impedir a evolução da rinite moderada e grave para asma alérgica.

O emprego da imunoterapia com veneno de abelha é muito eficaz, atingindo resultados positivos em mais de 95% dos casos, pois bloqueia a reatividade alérgica, promovendo o desaparecimento da sensibilização.

O método mais utilizado de imunoterapia é através de injeções subcutâneas, e estudos recentes têm demonstrado que vacinas de uso sublingual têm efeito quase similar.

O tratamento deve ser feito por médicos com experiência neste tipo de terapêutica através de indicação e orientação detalhada e com duração de 2 a 5 anos, dependendo do quadro clínico, de testes cutâneos e de medidas séricas e especificas do anticorpo IgE; existe possibilidade de reações adversas e contra indicações. Na indicação da imunoterapia o médico deve estar preparado para utilização desta modalidade de tratamento.

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Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico

 

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