Quando a dignidade vai para o ralo

José Machado

 

Nem havia planejado escrever hoje para este prestigioso diário piracicabano, mas ao ler as notícias sobre a fake news de autoria da Folha de São Paulo, propalando que o Governo Lula havia se recusado a receber oferta colaborativa do Uruguai em benefício do Estado do Rio Grande do Sul — vitimado por uma catástrofe climática sem precedentes, com centenas de mortes e desaparecidos e dificuldades de toda ordem para a sobrevivência humana — sentei-me à frente do computador para redigir algumas poucas palavras de indignação e repúdio por tal desfaçatez.

Tem sido “normal” se esperar que nas mídias sociais, que ainda padecem da justa regulamentação, inexplicavelmente encalhada no Congresso Nacional, se propaguem à vontade as tais fake news, verdadeiros instrumentos de disseminação do ódio e da antipolítica, tão ao gosto de pessoas desqualificadas e torpes, criminosas mesmo, que pouco se preocupam com os efeitos devastadores de suas práticas. Agora mesmo na catástrofe gaúcha tomamos conhecimento de inúmeras mentiras sobre as ações governamentais em curso, no afã de fazer oposição ao Governo Lula. Mentiras que, pasmem, deram sustentação a um projeto de lei, visando impor sanções ao Governo, protocolado na Câmara dos Deputados por um conjunto de parlamentares, sobre os quais o mínimo que se pode dizer é que são verdadeiros energúmenos, pois nem oposição sabem fazer. A deputada Carla Zambelli é subscritora desse projeto de lei. Não precisamos dizer mais nada.

Não é de hoje que a Folha de São Paulo faz uma travessia tortuosa, produzindo o pior jornalismo possível e, assim, prestando um péssimo desserviço à democracia em nosso país, a qual, para se firmar, depende muito da boa, verdadeira e honesta informação. A quem interessa a informação mentirosa? A quais interesses subalternos a Folha está submetida? Certamente que não é aos superiores interesses da população brasileira.

O que se espera de um jornal independente é que não se submeta a ninguém, muito menos ao governo de plantão. Não se está a exigir, portanto, que a Folha de São Paulo bajule o governo Lula. Se há críticas a fazer, que as faça, porém sem sonegar ou distorcer a verdade dos fatos.

Em se tratando de um jornal da tradição da Folha de São Paulo, é inadmissível que adote as mesmas práticas hediondas de propagação de mentiras. Ao fazê-lo, a Folha se nivela a um pasquim. E da pior qualidade.

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José Machado (PT), prefeito de Piracicaba por dois mandatos

 

 

 

 

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