RS: a fúria das águas

João Salvador

Chuvas torrenciais, grandes estragos, cidades alagadas, pontes e estradas destruídas, diques extravasados, dificuldades e desespero no resgate dos aflitos, para colocá-los em segurança. Cenários trágicos, bloqueios em rodovias, comunidades isoladas. A triste contabilidade de mais de 300 municípios afetados, cerca de 500 mil pessoas entre desabrigados, feridos, desaparecidos e mortos.
Como é uma região rica em rios, córregos, lagos, com os altos índices pluviométricos, sob às leis da gravidade, a água desceu com uma estrondosa velocidade, arrastando tudo de estático. Prejuízos no agronegócio, águas carregando lavouras, animais, máquinas, implementos, terra e insumos. Os deslizamentos nas encostas favoreceram o assoreamento dos rios e o nível subiu, ficando somente os telhados à mostra, de onde saíram os primeiros socorros dos acuados, através dos acenos angustiantes em direção aos helicópteros e barcos.
Não se trata de um acontecimento relacionado aos fenômenos naturais incontroláveis e imprevisíveis do aquecimento global. Ocorre com certa constância e previsível, bastando se precaver através do sinal de alerta, para que a população fuja a tempo, para os locais mais seguros. Considerada a maior tragédia depois de 1941, reforça a tese de que não existe qualquer correlação com as mudanças climáticas. Foi uma bolha de calor que se formou por um sistema de baixa pressão, impedindo a entrada das frentes frias.
Uma catástrofe avassaladora ignorada por parte de políticos insensatos e egocêntricos, que não se comovem com os que morrem, choram e clamam por socorro. Governador fraco, descaso do Presidente da República e fraquíssimo empenho da FAB – Força Aérea Brasileira. Momentos tristes que não combinam com a alegria do show ideológico e indecoroso da caquética Madonna, com cenas bizarras, imorais, libidinosas e satânicas.
Neste texto, rendo minha solidariedade aos desabrigados e às famílias que perderam entes queridos, suas casas, suas lavouras. Meu apreço aos milhares de gaúchos que se empenharam em socorrer seus conterrâneos; aos civis, militares e aos empresários que usaram de seus próprios recursos, como aeronaves, barcos, lanchas, jet-skis e de donativos essenciais à população atingida; aos que arrecadam recursos de suporte aos necessitados. Uma grande salva de palmas aos voluntários da causa animal e aos bombeiros, que, juntos, resgataram centenas de animais. Infelizmente, ao baixar das águas, nova tragédia, a visão estarrecedora de tanta destruição. Bah tchê, vamos reconstruir!

______

João Salvador é biólogo e articulista

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima