José Antonio Fernandes Paiva
É bem provável que antes mesmo de você terminar de ler este artigo, mais um acidente grave seja notificado, os dados são preocupantes, tanto que o dia 28 de abril, foi escolhido como o Dia Mundial da Saúde e Segurança no Trabalho. Aqui no Brasil, também é o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.
Sem dúvida, os acidentes de trabalho têm um impacto significativo na produtividade, economia e bem-estar da sociedade, mas podem ser prevenidos. Em Piracicaba, de 2020 a 2023, houve um aumento no número desses eventos. Os registros foram os seguintes: 5.786 em 2020, 6.704 em 2021, 8.139 em 2022 e 8.706 em 2023, com total de 41 óbitos por acidentes de trabalho.
Em 2022, as faixas etárias de 40 a 49 e 50 a 64 anos representaram cada uma 31% dos acidentes de trabalho, enquanto as faixas de 30 a 39 anos (19%), 25 a 29 anos (13%) e 18 a 24 anos (6%) tiveram menor incidência. No ano seguinte, os acidentes aumentaram, destacando-se a faixa etária de 18 a 24 anos com um índice de 20%. De 2022 a 2023, os acidentes fatais distribuídos por faixa etária resultaram em 20 óbitos, um aumento de quase 50% nas faixas de 25 anos e mais de 49 anos. Em 2023, 14 óbitos foram registrados em indivíduos com menos de 25 e mais de 49 anos, representando 56% do total de óbitos por acidentes de trabalho.
Os acidentes no município, foram categorizados de acordo com a Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE) nos anos de 2022 e 2023 e envolvem as seguintes categorias, indústria da transformação, construção civil, comércio, transporte, serviços e administração pública. No total, foram registradas 16 Comunicações de Acidentes de Trabalho (CAT) em 2022 e 25 em 2023, resultando em 41 notificações. Entre os tipos de acidentes mais comuns estão traumatismos intracranianos, traumatismos múltiplos e hemorragias traumáticas.
Sobre a categoria para a qual trabalhamos há algumas décadas, temos que, na pesquisa anual de 2024 sobre o Perfil Bancário, realizada pelo Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região com uma amostra de 845 participantes, foram obtidas informações sobre os profissionais do setor. Os principais desafios enfrentados incluem um ritmo de trabalho acelerado (39,8%), questões relacionadas a doenças emocionais (30,7%) e problemas de saúde ocupacional, como Lesão por Esforço Repetitivo (LER/DORT), afetando 29,7% dos entrevistados.
Mas, o problema não é apenas local, a Agenda 2030, da ONU desde 2015, visa promover o desenvolvimento sustentável globalmente. Por meio dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), busca enfrentar a pobreza, preservar o planeta e melhorar a qualidade de vida. Esses objetivos estabelecem prioridades, indicando ações necessárias e responsabilidades de governos, empresas e sociedade civil, com metas para mobilizar esforços em escala mundial.
A Segurança e Saúde no Trabalho (SST) não é apenas uma meta da Agenda 2030, refletida no ODS 8: Trabalho Decente e Crescimento Econômico, é um elemento fundamental para o desenvolvimento. Isso se deve ao fato de que os outros ODS não podem ser alcançados se a população trabalhadora não tiver saúde e capacidade para o trabalho, uma vez que todos os recursos utilizados pela sociedade têm origem no trabalho produtivo.
É fundamental internalizar práticas corretas em todas as categorias, já que a empregabilidade está relacionada à capacidade do indivíduo de trabalhar, ou seja, sua competência, habilidade e motivação, mas também está relacionada a condições decentes de trabalho e à saúde e segurança do trabalhador (SST) durante suas atividades laborais, responsabilidade de todos nós.
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José Antonio Fernandes Paiva, presidente do Sindicato dos Bancários de Piracicaba e Região (Sindban)