A erosão da liberdade

João Salvador

 

Basta de medo e de hesitação, a oportunidade de chegar à verdade dos fatos sobre o abuso de poder instaurado no país, com a intenção de calar a todos, de acovardar os brasileiros, parece estar chegando ao “mata burro” da consciência de perseguição, dos absurdos institucionais.
Não importa se é de esquerda ou de direita, não é mais uma questão de debate ideológico, todos sofrem com as penalidades, as arbitrariedades exercidas pelos tiranetes da Corte Maior e aliados. Os otários úteis do poder, os pseudos jornalistas, militantes de redação e pagos para defenderem o regime de censura, já estão com as máscaras sob o queixo. Mas sabe-se que traição e a ação dos traidores são recorrentes, nunca mudam. O presidente do Congresso se engaja como uma estrela cadente da conivência, da omissão, de indiferença sobre as atitudes ilegais, inconstitucionais do supremo abuso de autoridade.
O Brasil é um campo minado de escândalos, com um governo desgovernado, de viagens improdutivas, expondo uma imagem vexatória do Brasil. Dissimulado, arrogante, vingativo, sem programa de governo, sem povo e sem freios na gastança, com sua corja desalinhada de trinta e oito ministros.
Centenas de vozes caladas pela censura dos que pensam diferentemente do governo e dos questionamentos sobre o espectro político adotado pelo STF, com sua esponja de prerrogativas. Criou-se um “ecossistema” de censura, de apoio ao ilustre mandatário, que a própria Corte ajudou a eleger, dentro de um modelo ou decisão questionável por muitos. Segundo aquele que se porta como defensor ferrenho da democracia, os perfis calados e as pessoas detidas ou liberadas com restrições, são determinações da Assessoria Especial de Enfrentamento a Desinformação, órgão ligado ao STE – Supremo Tribunal Eleitoral –, por coincidência, presidido pelo próprio ministro. Caracteriza-se um desvio de função, cuja atribuição é do Ministério Público, o de investigar e formalizar a denúncia. A medula da const ituição é a liberdade de expressão, como bem disse o ex-ministro Marco Aurélio Mello, mas construiu-se uma engrenagem truculenta, bem engendrada pelo consórcio de poder, que vem causando a erosão da liberdade, que somente agora ficou mundialmente conhecida, pela atitude de um gringo, que furou a bolha e o cheiro fétido vem se espalhando. Além disso, o relatório da ala republicana da Comissão de Justiça da Câmara dos Representantes dos EUA, menciona ordens arbitrárias e censura explícita do “governo brasileiro”, na tentativa de forçar o X, o antigo Twitter, e outras plataformas, redes sociais e empresas, a censurar centenas de contas. Muitos processos se arrastam há cinco anos, no âmbito das investigações sobre milícias digitais e no chamado inquérito das fake news – o inquérito do fim do mundo –, que ning uém sabe como funciona.
A anormalidade do nosso ordenamento jurídico e institucional, tornou-se rotineira. As acusações amontoadas no porão ditatorial pelo “ponta de lança” do esquema, são sempre sigilosas, cidadãos penalizados sem acesso aos autos, sem direito ao contraditório por meio dos seus advogados. Os dispositivos legais continuam fora do contexto.
É uma censura sempre justificada e padronizada em nome do combate ao chamado “discurso de ódio” e à “subversão’ da ordem'”, que parte dos próprios neurotransmissores conflituosos dos acusadores, os atravessadores do limite da democracia. Mas a busca pela verdade e a liberdade plena deve ser implacável, mesmo porque, somente a liberdade de expressão, garante o aparecimento da verdade. Quem reconhece o erro deve ser enaltecido, vamos aguardar.

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João Salvador é biólogo e articulista

 

 

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