Por que as igrejas estão ficando vazias?

Alvaro Vargas

 

O esvaziamento das igrejas cristãs ocorre tanto no Brasil como em todo o mundo. Três causas se destacam, respectivamente, o fracasso das religiões institucionalizadas em atender as necessidades espirituais de seus adeptos, a evolução da sociedade que refuta seitas baseadas em dogmas que agridem o bom-senso e a obsessão espiritual coletiva que se instalou na sociedade. Esta deserção dos fiéis pode ser constatada pelo aumento da porcentagem de 0,5% para 7,3% de indivíduos em nossa população que alegou não ter religião, no período 1960-2000, ainda que, mais de 95% acreditassem em Deus (IBGE, 2000). Este fenômeno tem sido descrito por vários estudiosos como uma “desinstitucionalização”; as pessoas crentes em Deus se afastam das instituições religiosas tradicionais, devido ao desinteresse com as suas seitas religiosas. Entre as religiões, a maior deserção ocorreu na igreja católica romana. Em seis décadas, reduziu a sua participação de 94% para 65% da população brasileira (IBGE, 2010). Com relação às igrejas reformadas, embora tenham aumentado o número de seus adeptos nos últimos trinta anos, passando de 6,6% para 22,2% da população brasileira, a evasão constatada nesta época atingiu 9, 2 milhões de seus seguidores, o equivalente a 21% dos evangélicos, que tem sido denominado como “desigrejados” (cristãos evangélicos sem crença determinada).

O segundo fator que promove o abandono das igrejas está relacionado com a evolução intelecto-moral da Humanidade. Os indivíduos passaram a refutar crenças teológicas infantis e anacrônicas, dado que as religiões não evoluíram, distanciando-se da realidade atual. Mesmo cumprindo o papel de salvaguardar os princípios morais do Cristianismo, a sua romanização provocou a perda de sua essência, quando assimilou os rituais pagãos romanos e criou dogmas religiosos insensatos. As revelações bíblicas têm fundamento, mas necessitam ser interpretadas corretamente. Infelizmente, as religiões institucionalizadas se apegaram apenas ao seu sentido literal, tomando como realidade estórias inverossímeis que foram utilizadas pelos profetas apenas como figura de linguagem. Agride a nossa inteligência, a crença em que a origem da Humanidade partiu de apenas um casal, Adão e Eva, expulsos do paraíso por Deus quando comeram a maçã proibida. Conforme as informações científicas disponíveis, a evolução do homem levou mais de um milhão de anos, refutando este criacionismo bíblico. Essas seitas religiosas também assumem que a Terra foi criada em sete dias, quando foram necessários bilhões de anos para concluir a sua formação. Estes dogmas religiosos ainda agridem o bom senso quando advogam a existência de um céu ocioso e contemplativo para os eleitos, condenando ao inferno eterno os pecadores, num desmentido da sabedoria e do amor da Divindade.

O terceiro fator que afasta os indivíduos das religiões está relacionado com a sintonia das pessoas com os Espíritos atrasados próximos à crosta planetária. São as almas dos próprios homens moralmente fracassados, que mesmo após a desencarnação, continuam presos às paixões terrestres e se aproximam das mentes invigilantes. Felizmente, com o advento do Verdadeiro Cristianismo, o Espiritismo, temos condições retomar o caminho da auto iluminação e reforma íntima. Gradativamente o Espiritismo vem aumentando o número de seus adeptos, passando de 2,2 para 3,8 milhões de seguidores (2000-2010), representando 2% da população brasileira (IBGE, 2010). Embora esta porcentagem seja reduzida em relação às demais seitas cristãs, estima-se que mais de trinta milhões de brasileiros já conheçam os postulados básicos desta doutrina. Com isto a doutrina espírita cumpre a sua missão, pois não veio para demover os indivíduos de suas crenças religiosas, mas desenvolver a fé raciocinada e esclarecer a essência das revelações divinas, livre dos dogmas teológicos.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita

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