Reinventar a política como serviço ao bem coletivo

Adelino Francisco de Oliveira

O clima eleitoral já tem tomado o país a partir da realidade da municipalidade. A sociedade tem debatido nomes, particularmente para o cargo majoritário nas prefeituras. É preciso, fundamentalmente, discutir e analisar ideias e projetos, em uma perspectiva de se repensar a dinâmica das estruturas sociais. O fortalecimento da democracia e a garantia dos direitos de cidadania devem ser as pautas dessas eleições.
Os debates sobre as eleições e os projetos para a cidade não devem estar restritos apenas àqueles que se colocam como pré-candidatos. Todos os cidadãos devem colocar suas qualidades, conhecimentos e competências para melhorar a vida das pessoas, trazendo ideias novas, apresentando propostas criativas, construindo alternativas para uma outra sociabilidade urbana. Torna-se fundamental a concepção da gestão pública a partir da disponibilidade para servir, vislumbrando os interesses coletivos, o bem comum, com transparência e responsabilidade.
O projeto de cidade está profundamente vinculado à noção de política. É por meio da política que se constrói a sociedade. Por isso é urgente se resgatar uma concepção de política como serviço voltado ao bem coletivo. A política como reflexo de um profundo e engajado conhecimento, capaz de estruturar a cidade como direito de todos. É preciso enfatizar que a sociedade existe para as pessoas. Toda organização do Estado, com seus aparelhos públicos e serviços, deve estar voltada para que a vida dos cidadãos seja plena de possibilidades.
Os espaços da sociedade devem contemplar a diversidade, abrindo para uma dimensão de cidadania plena e universal. Os direitos e os deveres, equacionados por meio das leis, existem para resguardar a justiça e a equidade, de maneira a promover sempre o bem comum. Sob as balizas da ética, o município deve se compor como espaço de encontro e convivência entre os cidadãos, lugar de realização individual e coletiva. A cidade é onde as pessoas, os cidadãos, constroem suas vidas, projetam seus anseios e sonhos, buscando sempre a felicidade.
É preciso se superar o marasmo que reina na esfera política, com personagens desgastados, que apenas acalentam o poder pelo poder. A representação de gestores demagogos, carentes de liderança, perdidos em atividades meramente burocráticas, como se governar fosse simplesmente manter a máquina pública de alguma maneira funcionando, não é aceitável. A ausência de proposição de ideias, de alternativas, de novos projetos societários apenas evidencia a pobreza do debate político.
Talvez o caminho seja reinventar a política, forjando um novo conceito, com outras perspectivas. O poder somente passa a ter sentido se for para melhor servir aos cidadãos e à municipalidade. O debate eleitoral não deixa de ser uma singular oportunidade para promover essa reinvenção da política, retomando seu conceito genuíno e fundamental: a arte de se estruturar a sociedade para o bem coletivo.
A cidadania política convoca cada cidadão a dar sua contribuição para se remodelar a cidade a partir dos princípios de direito, ética, justiça e solidariedade. Isso não é tarefa de uma única pessoa, é mesmo necessário o envolvimento e engajamento de todos os cidadãos. Não se constrói um novo tempo, uma nova cidade, sem o desencadeamento de um amplo movimento de debate político, ouvindo toda a sociedade. No período de debate eleitoral, todos os cidadãos devem se colocar como pré-candidatos, defendendo ideias e projetos, para uma Piracicaba que se faz como direito de todos.
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Adelino Francisco de Oliveira, professor no Instituto Federal, campus Piracicaba, Doutor em Filosofia e Mestre em Ciências da Religião; e-mail: [email protected]

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