Piracicaba: a terra da pamonha, cana-de-açúcar e hidrogênio

Maurício Cantoni

O mundo se uniu para encontrar a cura para a Covid-19, pandemia que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) vitimou 14,9 milhões de pessoas, sendo 710 mil só no Brasil. Parece até estranho falar disso hoje, mas é necessário lembrar que houve uma conexão internacional entre governos, laboratórios, cientistas, hospitais e ONGs para conter o avanço desenfreado da doença. Assim, após um esforço hercúleo, as vacinas chegaram, a Ciência venceu e até se prove contrário, foram eficazes no combate ao maior flagelo deste século.

Ainda que eu não deseje ocupar a posição de profeta do apocalipse é necessário lembrar que outro flagelo anunciado está a caminho, causado pela crise climática. Segundo dados da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), agência norte-americana, o ano de 2023 registrou o mês de agosto mais quente dos últimos 174 anos, com temperaturas 1,25°C acima da média registrada no século passado. No eterno país do Carnaval, o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) constatou que, desde 1961, não se registrava um inverno tão quente como o de 2023, quando houve mais de 50 dias de calor intenso em cinco regiões Brasil.

É inegável que o nosso planeta azul está passando por uma grande transformação, causada pelo aumento da emissão de gás carbônico, originado pelo uso de energia que utiliza combustíveis fósseis como matriz (petróleo, carvão e gás natural).  A necessidade de transição para um regime de baixa emissão de carbono motiva a busca de fontes de energias alternativas, entre as quais destaca-se o hidrogênio, elemento químico encontrado em abundancia na natureza, que está sendo estudado em larga escala mundial.

É diante desta realidade, que o Seminário Internacional “Nosso Futuro com Hidrogênio – Desafios e Oportunidades do Hidrogênio Renovável e Baixo Carbono”, organizado pela Prefeitura Municipal de Piracicaba nos dias 08 e 09 de abril, coloca definitivamente o nosso município no centro da discussão internacional sobre novos modelos que possam substituir combustíveis fósseis por energias renováveis.

A própria organização do evento em si, já representa um grande sucesso porque colocou pela 1ª vez na mesma mesa os atores mais importantes da Região Metropolitana de Piracicaba (RMP) para tratar do assunto, sejam eles ligados ao governo, indústria, comércio, pesquisa e inovação.

Discussões como essa são válidas porque o hidrogênio precisar deixar de ser aquele pote de ouro no fim arco-íris para se transformar em realidade que possa reverter a nossa história de deterioração ambiental. Afinal, é uma unanimidade que as novas fontes de energia devem ser tecnologicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e capazes de atender uma demanda crescente da população.

Embora todos ainda estejam tateando no escuro em busca de soluções que viabilizem a produção e distribuição do hidrogênio em larga escala é necessário acelerar este processo. Não por acaso o Seminário Internacional vai abordar temas relacionados ao uso e comercialização do hidrogênio, rotas tecnológicas, certificações, desenvolvimento de políticas públicas, além de estratégias para a indústria automobilística e uso em outros segmentos como siderurgia e cerâmica.

Neste sentido, os organizadores do evento montaram uma equipe seleta de preletores, especialistas em seus respectivos segmentos, oriundos de instituições públicas e privadas que prometem grandes debates sobre as tecnologias de disrupção para o futuro.

E assim Piracicaba que já ficou conhecida no passado como a terra da pamonha e da cana-de-açúcar também passará a ser referência em hidrogênio, ocupando posição de destaque na vanguarda do desenvolvimento sustentável.

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Maurício Cantoni, jornalista, diretor de comunicação da Fumep e fundador do Hub H2 Content

 

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