Em pleno mês da mulher, mais um feminicídio!

Rai de Almeida é vereadora

 

Mais um brutal feminicídio outra vez choca a cidade de Piracicaba. Novamente, mais uma mulher tem sua vida interrompida pela sanha assassina de um homem com sua arma de fogo. Num só momento, em meio a uma noite que deveria ser de alegria e descontração junto a amigos, a tragédia se faz. O ódio à mulher, a facilidade de se ter um revólver, o desejo de fazer da mulher e de seu corpo “propriedades” do homem. A violência masculina que se estrutura em cima de violência. A discussão. A ordem do homem, seu comando, sua virulência contra ela, a mulher. Tiros. Vários. Muitos. Sobre a calçada o corpo da mulher, Camila Cristina Galdino, uma jovem de 29 anos – mãe, filha, trabalhadora – e do jovem Diego Fernando Pinto, 33 anos, que tentou protegê-la de seu agressor.

Choramos. Mais uma vez choramos diante de mais um feminicídio em nossa cidade. E nos perguntamos: quantos mais já não ocorreram nos últimos tempos? Pior: quantos mais ainda ocorrerão? A cada feminicídio protestamos. A cada feminicídio tentamos a todo custo evitar o próximo e o próximo e o próximo. Falhamos? Falhamos. Mais uma mulher foi morta por um homem. Dessa vez, a tristeza nos chegou ainda mais perto – a jovem assassinada pelo ex-namorado era filha de um servidor de nossa Câmara Municipal. Dessa vez, não houve mesmo qualquer efeito sobre a mente estúpida do assassino o fato de estarmos em pleno mês de março – mês que marca a luta das mulheres justamente por suas vidas, por seus direito, por sua segurança. Nada. Em plena semana do mês da mulher, mais precisamente na madrugada de 10 de março de 2024, Camila foi assassinada em público.

Diante de nossa incapacidade ante mais um feminicídio, a nossa vontade de gritar, a nossa mais profunda e doída revolta. Revolta e angústia. Angústia por que nos vêm à mente as mesmas questões de sempre: como fazer entender que a mulher não é objeto do homem? Como fazer a sociedade entender que armas de fogo nas mãos de cidadãos comuns colocam a vida de todos – e em especial a das mulheres – em risco (e as estatísticas estão aí para comprovar isso). Como fazer com que todos e todas reflitam e entendam sobre a importância de seu papel social no desmonte da estrutura machista que alimenta os feminicídios em nossa cidade, em nosso estado, em nosso país e no mundo?

É preciso por fim ao ódio do homem contra a mulher. É preciso que o poder público cumpra o seu papel nessa luta. É necessário desnaturalizar o discurso de ódio contra as mulheres, o discurso que ridiculariza e minimiza a questão da violência contra a mulher. Precisamos de todos e todas nessa luta, empenhados dia a dia, minuto a minuto, na construção de uma sociedade não-violenta, não-misógina, não-machista. Às famílias dos jovens Carolina e Diego, as nossas mais sinceras condolências, a nossa mais verdadeira solidariedade e a nossa indignação diante de uma sociedade armada, violenta, machista, assassina e que precisa urgentemente aprender a ser reconstruir sob pena de, muito em breve, estar chorando e lastimando o assassinato de outras mulheres.

 

Rai de Almeida é vereadora, Procuradora Especial da Mulher na Câmara. 

 

 

 

 

 

 

 

 

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