Andréa Ladislau
O avanço de casos de endometriose entre as mulheres, abre portas para um debate importante sobre a saúde feminina e a necessidade de um acompanhamento periódico para detecção precoce da doença, facilitando o controle dos sintomas e evitando outras complicações clínicas.
Além disso, existe um aspecto da psicossomática relacionada a este problema que nos aponta para possíveis sofrimentos emocionais desencadeantes.
Muitas mulheres relatam dores constantes no ato sexual. Um dos principais motivo que as levam a buscar ajuda médica. Mas o que vem a ser a endometriose? É uma doença do espectro ginecológico que aparece na idade reprodutiva.
É uma condição muito dolorosa e pode causar sérias dificuldades , pois o tecido uterino (endométrio) ao crescer fora do local correto, afeta a estrutura fisiológica do órgão reprodutor feminino gerando muito incômodo, cólicas e sangramentos intensos, levando inclusive à necessidade de uma intervenção cirúrgica ou até mesmo, à infertilidade.
Trazendo para o campo emocional, essa doença além de todas as complicações físicas já citadas, também pode ter causas psicológicas relacionadas à insegurança, frustração, ressentimentos, desapontamentos e tristeza. Principalmente em mulheres muito ativas e independentes que direcionam sua energia para o trabalho, cujas prioridades incluem o crescimento na carreira e absorção de benefícios materiais. É uma forma do corpo sinalizar que é preciso desacelerar e valorizar sua própria essência feminina.
Também podemos associar a esse diagnóstico, a falta de confiança nos relacionamentos, a ansiedade elevada, o excesso de busca por perfeccionismo e a propensão à insatisfação constante. Toda essa análise está relacionada à psicossomática, na qual algumas doenças do corpo humano se desenvolvem devido a um certo modo de pensar, uma certa ilusão ou emoção e que na maioria das vezes são emoções negativas, pensamentos, atitudes e bloqueios, como medo, raiva, agressão, desespero, etc.
Porém, apesar de todo o fundo emocional atrelado à endometriose, o quanto antes for diagnosticada e tratada, melhor serão os resultados. E dentro de todo esse contexto, a psicoterapia pode ajudar e muito, no mergulho ao centro de si, para que a mulher acometida por essa doença, possa descobrir e compreender a causa psicológica de tanto sofrimento.
Já que as doenças físicas nos colocam em contato com nossas pendências e fraquezas, e assim nos possibilitam uma autoanálise, que por sua vez é o primeiro passo de uma caminhada na busca da transformação pessoal e íntima das nossas atitudes e pensamentos perante a vida.
Enfim, as pesquisas reforçam que a informação sobre o tema é muito importante para desmistificar os preconceitos e incertezas em relação a doença. O diagnóstico precoce é fundamental para alertar as mulheres da importância na busca pelo cuidado com seu corpo e com as questões intimas que, muitas vezes, são negligenciadas devido à urgência da vida cotidiana e das muitas funções da mulher contemporânea.
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Andréa Ladislau, psicanalista, graduada em Letras e Administração de Empresas, pós-graduada em Administração Hospitalar e Psicanálise e doutora em Psicanálise Contemporânea.