A dança entre oferta, procura e qualidade

Gregório José

Num cenário econômico em constante transformação, é imperativo para nós, enquanto consumidores e jornalistas, compreender os intricados meandros das decisões de compra que permeiam a sociedade brasileira. Os números revelados pelo Relatório Tendências de Bens de Consumo 2024, elaborado pela Neogrid em parceria com a Opinion Box, lançam luz sobre um aspecto crucial: o fator determinante na mente do consumidor contemporâneo é, sem sombra de dúvidas, o preço.

À medida que a inflação e dificuldades financeiras se instalam, os brasileiros se tornam cada vez mais vigilantes em busca de opções mais acessíveis. A pesquisa revela que 90% da população procura alternativas mais baratas, indicando uma realidade em que a austeridade se impõe. A magnitude desses números ressalta a importância de se abordar as necessidades do consumidor sob a lente econômica.

O que mais intriga nesses dados é a prevalência do preço sobre outros fatores na decisão de compra, uma tendência que permeia todas as classes sociais. Mesmo entre os consumidores das classes A e B, onde a qualidade do produto é mais relevante (75%), a influência do preço ainda é expressiva (66%).

Essa aparente obsessão pelo preço levanta questões fascinantes sobre os hábitos de consumo. A pesquisa destaca que 83% dos consumidores tendem a comprar mais itens quando os preços estão baixos. E, surpreendentemente, quase metade das pessoas (49%) adquirem produtos em promoção, mesmo quando não necessitam deles. Isso nos faz questionar se as estratégias de marketing e promoção estão moldando mais do que nunca as escolhas dos consumidores.

No universo competitivo do varejo, a batalha pelo consumidor está mais acirrada do que nunca. A pesquisa revela que os produtos de “marca própria” dos supermercados, com preços mais acessíveis, conquistam a preferência de 79% dos consumidores. Esse fenômeno destaca a necessidade de os varejistas se adaptarem, oferecendo opções acessíveis sem comprometer a qualidade. A única coisa ainda não criada por marcas próprias são bebidas alcóolicas, como ocorre em outros Países, como a Argentina.

Além disso, a dicotomia entre compras presenciais e online reflete a diversidade de hábitos dos consumidores modernos. A maioria (72%) planeja aumentar suas compras de supermercado online em 2024. Isso representa um desafio significativo para o varejo físico, que deve repensar suas estratégias para acompanhar essa mudança nas preferências do consumidor.

Em tempos tão desafiadores, é vital que continuemos a examinar de perto essas tendências, não apenas como jornalistas, mas como participantes ativos da sociedade. A compreensão das nuances que envolvem as decisões de compra é essencial para que possamos informar e orientar nossos leitores de maneira significativa.

Em suma, a realidade do consumidor brasileiro em 2024 é marcada pela sensibilidade ao preço, destacando a importância de um jornalismo comprometido em decifrar os sinais de uma sociedade em constante transformação econômica.

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Gregório José, jornalista, radialista,filósofo

 

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