É possível neutralizar a influência nociva das testemunhas invisíveis ao nosso lado?

Alvaro Vargas

 

O apóstolo Paulo, durante a sua vida missionária, advertiu em uma de suas cartas, que sempre somos observados, sendo necessário vivenciar em todos os momentos de nossa existência, a Boa Nova de Jesus: “portanto, nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta”. (Hebreus 12:1). Estas testemunhas a que se refere o apóstolo são os Espíritos que estão presentes ao nosso lado, as almas dos próprios homens no além-túmulo. Como a morte física não modifica o caráter do indivíduo, regressamos para a verdadeira pátria, o mundo espiritual, com as nossas virtudes e deficiências morais. Todos aqueles indivíduos que na Terra se compraziam nos vícios e, na prática de atos ilícitos, ao regressarem ao mundo invisível e não modificarem a sua conduta, podem se sintonizar com os humanos na mesma faixa vibratória das sensações inferiores. O contrário ocorre com os verdadeiros cristãos, que cultivam a vivência dos ensinamentos de Jesus. Após a desencarnação, são atraídos aos planos mais elevados para habitar as cidades organizadas que existem no mundo espiritual, até a próxima reencarnação na Terra.

O Codificador da doutrina espírita, Allan Kardec, ciente desta nossa interação com o mundo invisível, questionou se os Espíritos influenciam os nossos pensamentos e as nossas ações. A resposta foi que neste sentido, esta influência é maior que supomos, porque muito frequentemente são eles que nos dirigem (O Livro dos Espíritos, questão-459). Portanto, a advertência do apóstolo dos gentios procede. Embora tenhamos o livre arbítrio, isto se refere aos nossos pensamentos. Uma vez que emitimos vibrações mentais condenáveis, convidamos os Espíritos atrasados para estarem ao nosso lado, participando ativamente das nossas ações. Isto esclarece a advertência do Mestre Galileu: “qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração”. (Marcos, 5:28). Neste ensinamento, Allan Kardec (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 8), esclarece que “a verdadeira pureza não está somente nos atos; está também no pensamento, porquanto aquele que tem puro o coração, nem sequer pensa no mal. Foi o que Jesus quis dizer: Ele condena o pecado, mesmo em pensamento, porque é sinal de impureza.”

Esta sintonia com os Espíritos ocorre porque as nossas criações mentais são visíveis para eles. Conforme Allan Kardec (O Livro dos Espíritos, questões 457- 478), os Espíritos podem identificar os nossos pensamentos mais secretos, chegando mesmo a conhecer o que desejaríamos ocultar de nós mesmos. Os levianos, se divertem dos embaraços que criam para nós, em contraste com aqueles que sendo sérios, são solidários com os nossos reveses e procuram ajudar. Existe também o risco desta afinidade resultar em um processo obsessivo. Em toda a iniquidade praticada, sempre existe a participação dos obsessores, que aproveitam a situação, tanto para satisfazer os seus vícios, como para se vingar dos antigos desafetos. Mas não podemos apenas culpar os Espíritos atrasados que se aproximam de nós, pois, “cada um é tentado exteriormente pela tentação que alimenta em si próprio” (XAVIER, F. C. Ação e Reação, cap. 13, Pelo Espírito André Luiz). Contudo, é possível neutralizar esta ação obsessiva. Mesmo que não seja possível ficar sem pensar, devemos “vigiar e orar” (Mateus, 26:41), mantendo a mente “ocupada” com os ideais nobres e a prática da caridade. Isto é conseguido através da leitura de obras edificantes, particularmente os livros espíritas, que reforçam a necessidade de nossa reforma moral, passando a sintonizar apenas com os bons Espíritos, pois, “onde estiver o nosso tesouro (ideais), aí também estará o nosso coração (sentimentos elevados)”. (Mateus, 6:21).

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante espírita

 

 

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