Ou mato ou morro                       

Walter Naime

O mato normalmente representa a selva e, em alguns casos, transmite para o homem civilizado o local onde se pode se esconder e ficar longe daquilo que o aflige.

Em outro entendimento, quando pronunciamos a frase eu mato, surge a sensação da violência que transgride um dos dez mandamentos anunciados no Monte Sinai. Não matarás.

A palavra morro também é o lugar alto onde, se lá você estiver, estará mais seguro, pois ali será mais difícil de ser agredido.

Em um mundo onde as decisões na maioria das vezes se resumem a essa dicotomia, ou mato ou morro, é vital examinarmos a verdadeira essência por trás dessa escolha aparentemente simplista.

Matar e morrer pode refletir a coragem de defender uma causa, mas também pode se transformar em uma cena de comodismo diante das complexidades que a vida nos apresenta.

Ao adotarmos a analogia do debate, compreendemos que é essencial possuir fôlego e argumentos sólidos para conduzi-lo ao estágio de diplomacia.

Evitar a violência e buscar a razoabilidade no embate é mais que uma estratégia, é o princípio fundamental para a construção de sociedades mais justas e harmoniosas.

As vantagens de percorrer o caminho diplomático serão inúmeras. A diplomacia não apenas preserva vidas, mas também propicia soluções mais duradouras e equitativas. É na negociação e no entendimento mútuo, que encontramos espaço para o crescimento coletivo e a resolução pacífica de conflitos.

A diferença entre o heroico e o cômodo torna-se evidente. Optar pelo heroísmo exige coragem para enfrentar desafios, defender valores e buscar justiça.

Por outro lado, a fuga para o mato ou para o morro, além de cômoda, pode ser interpretada como um ato de covardia.

O enfrentamento honesto das questões é uma medida de verdadeira bravura.

Não matar e não morrer, longe de ser uma apatia, traz alegrias por não permitir que as situações atinjam extremos prejudiciais.

A busca pela solução pacífica é em si mesma uma forma de heroísmo, pois exige a coragem de resistir à impulsividade e buscar soluções estáveis.

Atualmente, esse processo tem sido praticado pelos mais sensatos comitês anti-violência, porém com pouco resultado e assim os conflitos continuam em diversas partes do globo.

Saber escolher o melhor caminho revela uma dádiva de sabedoria das partes envolvidas.

Manter a corrente do bom senso intacta é muito importante para evitar maiores rupturas.

A busca pela harmonia e compreensão já é um ato de coragem que transcende a simples escolha entre matar e morrer.

Vale a pena cultivar a sabedoria necessária para trilhar esse caminho. Não matar e não morrer.

 

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Walter Naime, arquiteto-urbanista. empresário.

 

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