Dirceu Cardoso Gonçalves
O Carnaval, maior festa popular brasileira, tem o condão de divertir seus adeptos e, pela proporção que tomou em nosso País, constitui importante fonte de renda ao turismo nacional e potente indutora da economia das localidades onde se realiza. Tanto que recebe o aporte de verbas públicas para que as instituições a realizem com maior brilhantismo e desperte o interesse dos apreciadores locais e estrangeiros. É, também, no nível popular, um exuberante período de diversão do povo e esquecimento das mazelas do dia-a-dia. Não é àtoa que sua realização praticamente pára a Nação para ver o bloco, o cordão, a escola de samba, o trio elétrico e tudo o mais passar.
Infelizmente, São Paulo teve a sua festa desse ano manchada pela insensatez dos responsáveis da Escola de Samba Vai Vai, tradicional agremiação e titular de larga folha de realizações prestadas ao Carnaval paulistano que, em vez de passistas, pierrots, colombinas e outras alegorias positivas, escolheu trazer “demônios” ao sambódromo e – pior que isso – afirmar leviana e até criminosamente que seriam eles os integrantes de nossas forças policiais. Fizeram questão de ignorar os idealizadores do insólito desfile, todo o trabalho de Segurança Pública que nossas polícias realizam pela estabilidade social e bem-estar da popuilação. Isso é uma irresponsabilidade e precisa ter seu preço exemplarmente cobrado para que o asbuso não se repita ou – pior – possa tornar-se habitual.
Não há desculpa que possa justificar o comportamento de uma agremiação ao tentar impingir imagem negativa a uma força do Estado constitucionalmente encarregada de prover a segurança da população. A polícia – seja ela federal, estadual, civil, militar, montada, motorizada ou à pé, é a presença do Poder Público na defesa da população. Sua atuação não é política e nem antagônica à manutenção da vida. Pelo contrário, é empenhada em proteger o cidadão de bem frente aos esquemas criminosos e aos desordeiros sociais. Ofendê-las é vilipendiar a sociedade a quem serve e contrariar os ditames legais. Isso aponta a necessidade de providências enérgicas. O Governo Federal, o governador do Estado, Tarcisio de Freitas (comandante-em-chefe da instituição ofendida), o Ministério Público e o Poder Judiciário precisam agir dentro das respectivas áreas de competência, para garantir a incolumidade da sociedade e de suas instituições.
Vivemos em São Paulo um difícil momento da Segurança Pública. As instituições da área têm trabalhado com afinco para manter o controle e evitar que a população caia no jugo do crime organizado. Os resultados têm sido positivos, embora tenhamos de lamentar o número de mortes. Mas, como se diz popularmente, não é possível fazer omelete sem quebrar ovos. O governo paulista, como executor da política de Segurança Públca, tem sido eficiente, mas, data vênia, temos sentido a ausência pessoal do governador, embora não possamos reclamar a falta do seu apoio às ações desenvolvidas. Pensamos, no entanto, que a presença física e a fala do chefe institucional no fragor dos acontecimentos seriam um alento e segurança a mais para a sua tropa e aos que o ligam à base da pirâmide da Segurança. Governador, queremos saber o que o senhor está pensando sobre as Operações Escudo e Verão. Se o senhor pretende mantê-las ou não.
Mas o fundamental mesmo, na nossa modesta opinião, é que o chefe do Estado, comandante dos policiais ofendidos, tome suas providências e realize gestões junto ao Governo Federal e às instituições do Judiciário para que o achincalhe à maquina policial e a seus integrantes não se transforme em regra, pois isso seria altamente desgastante e prejudicial a toda a sociedade paulista. Os que avançaram o sinal precisam pagar o preço para, de uma vez por todas, ficarem claro que, apesar dos problemas, vivemos num Pais onde existem leis e elas são respeitadas…
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Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves, dirigente da Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo); e-mail: [email protected]