Aracy Duarte Ferrari
Utilizar vinagre, líquido ácido, produto de fermentação do vinho, como condimento foi uma rejeição que perdurou por muitos anos. Conhecedora de seu valor nutritivo, das “mil e uma utilidades”, inclusive medicinais, eu não conseguia utilizá-lo e aceitava como uma rejeição material, até acontecer!
Encontrava-me na Igreja Mãe de Deus, na cidade de Catalão no Estado de Goiás, participando com familiares da Semana Santa. Na ação litúrgica Crucificação e Paixão de Cristo na Sexta-Feira Santa, durante a leitura do Evangelho, narrando o sofrimento de Jesus no Calvário, os soldados romanos zombavam dele e ofereceram-lhe uma esponja embebida em fel e vinagre, quando Jesus falou que tinha sede. Quanto sofrimento passou o Senhor ao ver aquilo…
Nesse momento, ouvindo o Evangelho, senti fortes calafrios, queda de pressão, palidez e ligeiro tremor; um mal-estar geral. Foi uma emoção tão forte que a partir desse momento procurei analisar o porquê dessa reação com o vinagre. De imediato, voltara ao tempo. Analisei meus estudos bíblicos da infância e adolescência e conclui que minha avó materna, de elevada espiritualidade, minha mãe ou a catequista, ou todas elas, devem ter feito uma explanação tão convincente sobre a Crucificação de Jesus, e o sofrimento de Jesus na cruz, que, a partir daí, acredito tenha acontecido essa minha rejeição total pelo uso do vinagre.
Isso ocorreu naquela Sexta-Feira Santa em Catalão, onde residem meus familiares. A questão a ser esclarecida é o fato de eu sempre ter participado das cerimônias da Semana Santa, fui catequista, coordenadora de catequese e porque tantos anos ficaram para trás, sem eu descobrir o trauma da rejeição ao vinagre.
É para refletir…!
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Aracy Duarte Ferrari, escritora, articulista, cronista, poetisa e artista plástica, participa da APL, IHGP, GOLP (e-mail: [email protected])