Querem destruir as características turísticas de Piracicaba

 

Antonio Oswaldo Storel

 

        Nossa querida Noiva da Colina, recebeu há tempos atrás, através do Projeto de Lei nº 39/2021 de autoria da Deputada Bebel e do Deputado Alex Madureira, aprovado na ALESP e sancionado pelo Governador – Lei nº 17.740/23, o título de “Município de Interesse Turístico – MIT” por suas características especiais que atraem o desejo do turista de vir conhece-la e “encher a vista” com locais tão belos e encantadores, que a própria natureza a premiou, desde a sua fundação! Especialmente com um caudaloso e majestoso rio que atravessa o seu centro urbano e uma cachoeira – o Salto do Mirante –  que é o “encanto” de todos que a visitam.

        A cidade que cresceu às margens do famoso rio que lhe cedeu o nome em razão da cachoeira – “onde o peixe para” – foi sendo urbanizada pelas mãos humanas e a história foi criando pontos de atração e convivência social, como o “Complexo Turístico da Rua do Porto” que, de longa data e até hoje, acolhe festejos folclóricos e religiosos como a Festa do Divino, o histórico e imponente Engenho Central que acolhe a Festa das Nações e inúmeras atividades culturais, o Museu da Água, o enorme e atrativo Campus da Escola Agrícola – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiros, o tradicional bairro Monte Alegre, enfim, uma série de atrativos turísticos que motivam tantos visitantes a estarem conosco nesta terra querida!

        Acontece que toda cidade que se torna uma atração turística, também é alvo da cobiça e exploração comercial e imobiliária. Muito natural que o comercio gastronômico se veja atraído por um local para onde muita gente se dirige e precisa comer, beber, se divertir. E alí, no Complexo da Rua do Porto estão instalados inúmeros comerciantes , a maioria nativos, mas sem ferir as características turísticas do local. Ao contrário utilizando a própria estrutura existente e complementando-a com suas atividades. É ali que os visitantes gostam de ficar, à beira do rio, saboreando o famoso e tradicional peixe assado, à sombra das tendas protetoras e experimentando a deliciosa “Cachaça Caipiracicabana”.

        O perímetro urbano da cidade foi expandindo-se gradativamente e hoje é enorme a superfície urbanizada do município, sem que se observasse, com certo rigor, um planejamento sério para a criação das zonas residenciais, comerciais, educacionais, de atendimento público, saúde, etc. Temos dois distritos industriais que agruparam as indústrias em locais específicos, porém já estão esgotados. A ânsia pela construção de edifícios elevados tomou conta da cidade e uma verdadeira onda de “arranha-céus” invadiu inúmeros bairros que eram calmos e tranquilos. Isso gera uma demanda altíssima por fornecimento de água, tratamento de esgotos, coleta de lixo, sistema viário, etc. Imagine-se uma quadra em que cada face tinha 10 casas térreas construídas, totalizando 40 imóveis, com uma média de 3 pessoas morando em cada um. Seriam 120 pessoas na quadra toda. Agora, derrubam-se 2 ou 3 casas e erguem-se edifícios de 20 pavimentos com 4 apartamentos por andar. Serão 80 apartamentos com 3 pessoas em cada um, totalizando 240 pessoas só no edifício. Ora se imaginarmos isso multiplicado em grande parte dos bairros, nos assustaremos com o estrondoso aumento da densidade demográfica e com as demandas que isso significa e que diminui tremendamente a qualidade de vida da população.

        Tudo bem que vamos nos acostumando com a “cidade paliteiro” recheada de edifícios, mas agora querer invadir também a nossa região mais “sagrada” ao lado do famoso Salto do Mirante, o nosso ícone turístico? E destruir a tranquilidade da Rua do Porto, derrubando árvores e construindo pistas de alta velocidade? Isso não podemos permitir! Estão mexendo em Áreas de Preservação Permanente – APP, protegidas por Lei Federal!

        Tanto lugar na cidade precisando de avenidas asfaltadas para facilitar a mobilidade e vão querer mexer justo na beira do nosso sagrado rio? Vieram para destruir a característica turística da nossa Noiva da Colina? Vão tentar fazer isso em Ouro Preto, Tiradentes e outras cidades turísticas de Minas, prá ver o que acontece!

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Antonio Oswaldo Storel, ex-presidente da Câmara Municipal de Piracicaba

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