Silvia Morales
Jhoão Scarpa
Pablo Carajol
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É certo que há tempos existe um descaso grande dos governantes sobre a questão ambiental em nossa cidade. O crescimento desordenado da cidade ignorando diretrizes urbanísticas e de mobilidade, loteamentos irregulares principalmente na área rural, falta de investimentos em plano de arborização urbana, entre outros.
Após a desapropriação do Engenho Central, iniciado no final dos anos 90 e o Projeto Beira Rio, lançado e implantado por etapas desde o início de 2001, nada ou quase nada foi feito em prol da preservação e uso coletivo desta área tão emblemática que é a orla do nosso Rio Piracicaba.
Infelizmente, mais desastres sendo provocados por uma visão equivocada, ou falta de sensibilidade ambiental e social, por exemplo, a extinção do principal órgão de planejamento – o Ipplap – Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba, criado em 2003, e da Emdhap – Empresa Municipal de Desenvolvimento Habitacional de Piracicaba, criada em 1990.
Ainda, na contramão do desenvolvimento sustentável, temos visto destruição de praças – áreas de bem comum do povo – onde existiam árvores sadias, em detrimento à privilegio de automóveis, o que ocorreu, recentemente na Praça Antônio de Pádua Dutra – mais conhecida como Praça do Rolo, na Avenida Armando Salles de Oliveira com Rua XV de Novembro. O que resta agora é uma área impermeabilizada, uma grande ilha de calor propícia a inundações e como solitário busto da pessoa que levou o nome da Praça durante anos.
E o pior ainda está por vir, o projeto de um empreendimento imobiliário com 04 torres de 90 metros, anunciado nas mídias na antiga Fábrica da Boyes. Um patrimônio tombado pelo Codepac – Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Piracicaba, um local que faz parte da história de nosso município, uma construção fabril de 1874, situada às margens do Rio Piracicaba e de uma significativa massa arbórea, inclusive com um legado deixado pelo saudoso Luiz de Queiroz.
Além disso, em seu entorno situam-se vários patrimônios tombados, como a Casa do Povoador, o Palacete da Boyes, o Museu da Água e o próprio Engenho Central. E mais, quanto ao meio ambiente propriamente dito, tanto o imóvel da propriedade como seu entorno têm um grande valor ambiental e paisagístico.
E agora um novo anúncio de estudo/projeto para remodelar a Avenida Alidor Pecorari, ao lado do Parque da Rua do Porto e, para isso, muito provavelmente ocorrerá a supressão de diversas árvores da APP ali existente e do campo da União Porto Futebol Clube, que será transformado em mais uma área de estacionamento.
Imaginem se governos anteriores não tivessem desapropriado o Engenho, o que seria daquele local? Onde a população se divertiria num samba, numa Festa das Nações, num teatro? Pensem nisso, muitas vezes valorizamos o que é de fora, um patrimônio histórico-cultural-ambiental da Europa, por exemplo, ou as Igrejas históricas de Minas Gerais, ou um parque, um horto, um patrimônio natural de outros lugares, e o que está aqui na nossa cidade, nós ignoramos.
Como a nossa própria Carta Magna e o Estatuto da Cidade dispõem, devemos lutar sempre por uma cidade justa, democrática e sustentável! Além disso, o objetivo principal da sustentabilidade é encontrar o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação.
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Silvia Morales, Jhoão Scarpa e Pablo Carajol, do Mandato Coletivo “A Cidade é Sua!”