O retrocesso da inteligência humana em tempos tecnológicos

Gregório José

 

Estamos imersos em uma era marcada pela revolução tecnológica e pela ascensão da (IA) Inteligência Artificial, mas, paradoxalmente, é necessário pausar para refletir sobre um fenômeno que se insinua discretamente: o retrocesso da inteligência humana. Enquanto celebramos os avanços tecnológicos, é imperativo considerar as implicações que essas inovações têm sobre a nossa própria capacidade intelectual.

Dia desses um grupo de jovens entre 16 e 21 anos foi indagado sobre a 3ª pessoa do singular. Pasmem! Não sabiam qual o pronome. Outro grupo foi perguntado o valor de uma arroba. Também não sabiam o quanto pesava em quilogramas.

A dependência crescente de dispositivos eletrônicos é uma realidade inegável. Os smartphones, inicialmente concebidos para facilitar a comunicação, tornaram-se extensões de nossas mentes. Os sites de buscam vieram facilitar nossa dependência e fomos aceitando. Primeiro veio Cadê, depois veio o Google e ganhou o mercado e nossos corações. Ninguém, em dias atuais, sabe o que é encontrar um endereço ou dados de uma empresa em um catálogo telefônico. A automatização de tarefas simples pode comprometer a agilidade mental, prejudicando a capacidade de raciocínio independente.

Nas redes sociais, palco para a interconexão global, assistimos à disseminação veloz de informações, vídeos que serão exibidos nos telejornais e, muita mentira (fake news). No entanto, questionamos se essa torrente de dados contribui para um enriquecimento real do conhecimento. A busca incessante por validação e a preferência por conteúdos superficiais podem resultar em uma geração que acumula informações breves. Esse fato carece da profundidade necessária para uma compreensão abrangente.

O sistema educacional, embora tenha como objetivo moldar mentes brilhantes, enfrenta desafios. A padronização do pensamento, muitas vezes refletida em testes que valorizam a memorização em detrimento da compreensão crítica, pode comprometer a habilidade dos indivíduos de pensar de maneira independente e inovadora. O desafio é encontrar um equilíbrio que permita o desenvolvimento holístico do potencial humano.

O impacto psicológico da tecnologia não pode ser subestimado. A constante exposição a informações negativas e a pressão do mundo digital contribuem para níveis alarmantes de ansiedade e estresse. Em um contexto em que a saúde mental é um ativo precioso, é necessário avaliar como essas pressões afetam nossa capacidade de concentração e tomada de decisões informadas.

A ascensão da inteligência artificial traz consigo desafios éticos substanciais. A automação de processos e a delegação de decisões a algoritmos podem ter implicações profundas na nossa autonomia e liberdade. Questões relacionadas à privacidade, discriminação algorítmica e controle ético dessas tecnologias emergentes demandam uma reflexão séria e uma resposta coletiva.

É vital que, ao avançarmos em direção a um futuro cada vez mais tecnológico, não releguemos a inteligência humana a um segundo plano. Precisamos, como sociedade, cultivar um equilíbrio consciente entre o avanço tecnológico e o fortalecimento contínuo da capacidade intelectual humana. Somente assim poderemos garantir um progresso que seja verdadeiramente sustentável e inteligente.

 

 

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Gregório José, jornalista, radialista, filósofo

 

 

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