Alex Madureira
É falsa a premissa de que com a estatização completa dos poderes públicos no país, seremos mais competitivos. Entendo que ela não se sustenta.
O poder público, na sua expressão máxima de relacionamento entre o executivo, legislativo e judiciário, não pode prescindir da ajuda da iniciativa privada, para que suas ações sejam mais ágeis e diminuam os diversos níveis de dificuldades que temos que enfrentar, da coleta e do tratamento distribuição das águas, feitas há anos pela Sabesp, como um dos bons exemplos de qualidade, quadros técnicos de excelência e governança acima de qualquer suspeita da sociedade paulista, onde ela atua em 375 cidades, das 645 que possuímos no Estado.
A votação significativa que os deputados da nossa Assembleia Legislativa ofereceram ao governador Tarcísio de Freitas o aval da imensa maioria daquela Casa para a privatização da Sabesp. Foram 62 votos favoráveis, mais do que uma demonstração de competência pelo projeto, foi uma resposta inequívoca de que, para progredir, São Paulo precisa investir em setores estratégicos que tem sucesso de gestão com a parceria da inciativa privada e a experiência inconteste da Sabesp, já há muitos anos especializando-se em todos os sentidos, para que estes serviços sejam prestados com eficiência e preços justos aos cidadãos.
Talvez num futuro próximo, e certamente essa será uma das boas pautas a serem discutidas no processo eleitoral de Piracicaba no ano que vem, até mesmo a nossa autarquia do setor, possa incluir-se no rol dos beneficiados com a vinda da Sabesp para cá. É preciso ouvir a sociedade piracicabana sobre este tema também. Hoje, em tese, a Sabesp em nada influencia a cidade de Piracicaba. Tivemos, recentemente, a experiência de um funcionário de alto nível da empresa ter governado a nossa autarquia. E temos, na antessala da presidência da casa, um QG permanente da Águas do Mirante, empresa privada que hoje já cuida do tratamento do esgoto em nossa cidade, sob a liderança da AEGEA.
É bom igualmente dividirmos com nossos leitores que o Semae realizou o processo de aposentadoria de 50 de seus funcionários no ano passado, diminuindo seu contingente administrativo e operacional, sem poder fazer reposição, via concurso público, destes servidores. E que certamente fará imensa falta para que a autarquia toque o seu dia a dia com a agilidade exigida pelo que vivemos, onde as críticas, sobre distribuição de água e mesmo coleta de esgotos, inundam os debates em nossa Câmara Municipal e, em especial, nas redes sociais.
Para a universalização dos serviços de captação, tratamento, distribuição de água e coleta de esgotos, o Estado de São Paulo terá que investir mais de $ 80 bilhões até 2033, quando estipula o compromisso público nacional para a solução desta demanda. Sem contarmos com o crescimento das cidades do Estado, hoje cobradas imensamente, por exemplo, pela falta de moradias populares.
Se precisamos de mais casas, onde vamos buscar águas para servi-las? Os mananciais são conhecidos e já estão amplamente comprometidos. E ninguém tem a chave do céu de São Pedro para combinarmos com ele quais os dias que precisamos de chuvas.
Portanto, só com um planejamento estratégico competente poderemos dar a Sabesp as condições objetivas para a segurança que São Paulo precisa para que continue sendo a locomotiva que, exemplarmente, puxa este país. Precisamos que a água realmente chegue a todos e com um preço justo, e ponto final.
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Alex Madureira (PL), deputado estadual, Corregedor da Alesp