#FALAPAULOSOARES – Gonorreia: doença comum, mas pouco falada no Brasil

 

Algumas estimativas dão conta de que, no Brasil, cerca de 500 mil casos de gonorreia são registrados a cada ano. A doença é muito mais comum do que parece e, muitas vezes, acaba não sendo tratada na mídia com a devida atenção, como se fosse “algo do passado”, sem que não estivesse presente no dia a dia da sociedade, trazendo riscos e complicações.

O médico Drauzio Varella aponta que, embora a discussão sobre a gonorreia ter avançado no Brasil, ainda existe uma visão preconceituosa de que as ISTs estão associadas à população LGBTQIA+. No entanto, ele argumenta que a gonorreia é uma das maiores causas de infertilidade nas mulheres cisgêneras, dentro de uma relação heterossexual.

“Eles vão ter sintomas só na fase tarde, quando a infecção já atingiu as tubas uterinas, causando uma inflação que dificulta a fecundação”, afirma o médico Vinicius Borges, infectologista formado pelo Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais.

Para contribuir com esse debate tão importante, relacionado às ISTs e, especificamente, à gonorreia e a clamídia – que tem sintomas parecidos – trago nesta edição da minha coluna informações que estão disponíveis no site do Ministério da Saúde:

O que são? – IST causadas por bactérias (Neisseria gonorrhoeae e Chlamydia trachomatis, respectivamente). Na maioria das vezes estão associadas, causando a infecção que atinge os órgãos genitais, a garganta e os olhos. Os sintomas causados por essas bactérias também podem ser provocados por outras bactérias menos frequentes, como Ureaplasmas e Mycoplasmas. Os sintomas mais frequentes causados por essas infecções são, na mulher, corrimento vaginal com dor no baixo ventre na mulher, e nos homens, corrimento no pênis e dor ao urinar. No entanto, é muito comum que as infecções causadas por essas bactérias sejam assintomáticas na maioria dos casos. A falta de sintomas leva as mulheres a não procurarem tratamento para essas infecções, as quais podem se agravar quando não tratadas, causando Doença Inflamatória Pélvica (DIP), infertilidade (dificuldade para ter filhos), dor durante as relações sexuais, gravidez nas trompas, entre outros danos à saúde.

Formas de contágio – A transmissão é sexual e o uso da camisinha masculina ou feminina é a melhor forma de prevenção.

Sinais e sintomas – Dor ao urinar ou no baixo ventre (pé da barriga), corrimento amarelado ou claro, fora da época da menstruação, dor ou sangramento durante a relação sexual. A maioria das mulheres infectadas não apresentam sinais e sintomas. Os homens podem apresentar ardor e esquentamento ao urinar, podendo haver corrimento ou pus, além de dor nos testículos.

Diagnóstico e tratamento – Na presença de qualquer sinal ou sintoma dessas IST, recomenda-se procurar um serviço de saúde para o diagnóstico correto e indicação do tratamento com antibiótico adequado. As parcerias sexuais devem ser tratadas, ainda que não apresentem sinais e sintomas.

Conjuntivite neonatal – Há possibilidade de transmissão dessas infecções no parto vaginal e a criança pode nascer com conjuntivite, que pode levar à cegueira se não for prevenida ou tratada adequadamente. Deve-se aplicar colírio nos olhos do recém-nascido na primeira hora após o nascimento (ainda na maternidade) para prevenir a conjuntivite (oftalmia) neonatal. Além da conjuntivite, a infecção no recém-nascido pode atingir órgãos internos, com aumento a gravidade da infecção, por vezes necessitando de internação hospitalar para tratamento.

 

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids, Sífilis e Hepatites Virais).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima