Gregório José
Chegou o período do famoso “Amigo secreto” (Invisível ou Oculto), uma prática que, apesar de promover a troca de presentes e a confraternização, muitas vezes levanta questões sobre a autenticidade das relações interpessoais, especialmente em ambientes como o de trabalho. A falsa ideia de amizade e companheirismo durante esse período contrasta com a falta de interação e proximidade ao longo do ano entre colegas que mal se cumprimentam.
O fenômeno do “Amigo secreto” pode criar uma ilusão de camaradagem temporária, onde pessoas que raramente interagem ou se conhecem verdadeiramente são incentivadas a participar de uma tradição que pressupõe uma conexão mais profunda. O fato de alguns participarem da brincadeira apenas para evitar serem julgados como antissociais destaca a pressão social envolvida, revelando que a motivação nem sempre está alinhada com genuínos sentimentos de amizade ou afinidade.
Essa discrepância entre a tradição do “Amigo invisível” e a realidade das relações diárias no ambiente de trabalho sugere a existência de um componente superficial ou até mesmo hipócrita nesse ritual. A expectativa de presentear sem exceder um determinado valor financeiro, como esperado pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas – CNDL, pode, por um lado, aliviar a pressão financeira, mas por outro, reforçar a ideia de que a qualidade do presente é mais importante que a qualidade da relação entre as pessoas.
É válido questionar se a efemeridade da amizade manifestada durante o “Amigo Oculto” contribui efetivamente para o fortalecimento dos laços sociais ou se serve apenas como um gesto superficial em um momento específico do ano. A autenticidade nas relações interpessoais requer mais do que uma tradição sazonal; ela demanda esforço contínuo, comunicação genuína e a construção de laços ao longo do tempo. A falsa ideia de amizade durante esse período ressalta a importância de cultivar relações mais significativas e autênticas ao longo de todo o ano.
Que 2024 seja, de fato, de união entre os companheiros de jornada e de menos falsidade nas empresas privadas ou repartições públicas em todas as instâncias.
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Gregório José, jornalista, radialista, filósofo