#FALAPAULOSOARES: Vista-se de vermelho e participe do ‘Dia Mundial de Luta Contra Aids’

O dia 1o  de dezembro é particularmente especial para quem milita na causa da prevenção do HIV e da Aids, como eu tenho feito, já há tanto tempo, a partir do Caphiv. É neste dia que não apenas o Brasil, mas o mundo todo lembra o ‘Dia de Luta Contra Aids’, uma data em que as pessoas contaminadas exigiram ser protagonistas das discussões e das possibilidades de combate ao que ainda é considerado uma epidemia global.

É uma data de representatividade também. As gerações mais novas não devem saber como, na década de 1980, ser contaminado pelo vírus HIV e contrair a Aids era considerado uma “sentença de morte”; era simplesmente uma espécie de “apagamento social”, em que o ser humano desaparecia e ficava apenas a estatística; o número; como se ali não tivesse alguém sofrendo uma dor imensa, um medo profundo e uma necessidade de amparo e acolhimento.

Havia muito preconceito em torno das pessoas contaminadas. O site Senado Notícias publicou, em junho deste ano, uma matéria super interessante a respeito de como era tratada a Aids há 40 anos atrás – “na época chamada pelos jornais de ‘câncer gay’”, como destaca o texto do jornalista Ricardo Westin. Era assustador, sem dúvida, uma doença sem cura, transmitida pelo sangue. Mas quando há preconceito, todo medo se aprofunda.

A Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, recorda que a situação começou a ser enfrentada de maneira mais efetiva, a partir do que aconteceu em 1987, durante a 3ª Conferência Internacional de Aids, em Washington (EUA), quando 200 mil pessoas, ativistas e pessoas vivendo com o vírus, participaram do lado de fora do evento.

“Queriam ser ouvidas pela comunidade científica e pelo mundo, pois naquele momento, em que não havia tratamento, o silêncio era uma forma de morte”, diz o texto no site.

No ano seguinte foi proposta a criação do Dia Mundial de Luta Contra Aids e, em 27 de outubro, a Assembleia Geral da ONU e a Organização Mundial de Saúde instituíram o 1º de dezembro como data comemorativa, cinco anos após a descoberta do vírus causador da doença (HIV – vírus da imunodeficiência humana). Naquela época, 65,7 mil pessoas já tinham sido diagnosticadas com o vírus e 38 mil já tinham falecido.

A iniciativa se consolidou e hoje o 1º de Dezembro é marcado como o dia de uma campanha global que combate o preconceito, a desinformação e o estigma que ainda perduram em torno da doença. A data constitui uma oportunidade para apoiar as pessoas envolvidas na luta contra o HIV e melhorar a compreensão do vírus como um problema de saúde pública.

No Caphiv, realizamos o chamado ‘trabalho de formiguinha’, sempre buscando parcerias, sobretudo com o poder público municipal, a partir do Cedic (Centro de Doenças Infecto-contagiosas), da Secretaria Municipal de Saúde. Desenvolvemos, principalmente, um trabalho voltado para a população em situação de vulnerabilidade, que por diversos fatores acabam tendo um risco maior de infecção. O nosso trabalho é sempre com muita informação, sem qualquer preconceito e voltado ao acolhimento.

Ao longo de toda a nossa existência, deparamos com situações bastante tristes, histórias de pessoas que tiveram suas vidas diminuídas por conta da doença; mas também temos muitas histórias de superação, de gente que não desiste de viver, não importa como as dificuldades da vida se impõem. Eu, como um otimista, gosto sempre de ver o copo meio cheio. Sempre o meu foco é nas possibilidades, nas soluções e, claro, como podemos contribuir.

O dia 1o de Dezembro é um Dia de Luta Contra Aids, é um dia de lembrarmos que há muita gente, contaminada ou não, empenhada em contribuir para que a informação chegue a todas as pessoas e que a gente consiga, um dia, quem sabe, superior a epidemia da Aids.

Vista-se de vermelho e participe deste dia tão importante!

 

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids, Sífilis e Hepatites Virais).

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