Gregório José
O levantamento da Serasa revela uma realidade preocupante no cenário das dívidas no Brasil, trazendo à tona dados impressionantes sobre a inadimplência em diferentes estados e grupos demográficos.
A primeira observação notável é a liderança dos fluminenses como os maiores devedores no país, com 53,38% da população registrada como inadimplente. Esse percentual é seguido de perto pelos amapaenses, com 53,13%, e brasilienses, com 52,88%. Vale ressaltar que esses números não incluem deputados federais e senadores, indicando que a situação pode ser ainda mais complexa quando se considera a classe política.
Por outro lado, alguns estados apresentam índices mais baixos de inadimplência. Os piauienses destacam-se como os menos endividados, com apenas 34,10% da população registrada em anotações. Em seguida, catarinenses e paraibanos aparecem com percentuais de 37,09% e 38,31%, respectivamente. Os mineiros ocupam o quarto lugar entre os estados com menores percentuais de devedores, registrando 38,97%.
Quanto à natureza das dívidas, os dados revelam que a maior parte das pendências está relacionada a bancos e cartões de crédito, totalizando 29,19%. As contas básicas, como água e energia elétrica, representam 23,53%, enquanto as dívidas financeiras ocupam o terceiro lugar, com 16,17%. O varejo também é uma fonte significativa de endividamento, atingindo 11,05% dos devedores.
A análise demográfica revela que as mulheres são as maiores devedoras, alcançando 50,4%. Pessoas com idade entre 41 e 60 anos apresentam um percentual significativo de 34,9%, seguidas pelas faixas etárias de 26 a 40 anos, com 34,5%, e até 25 anos, com 12,2%. Os indivíduos com 60 anos ou mais representam 18,4% dos inadimplentes.
Em setembro, a Serasa e outros agentes conseguiram realizar mais de 3,05 milhões de acordos, atendendo 1 milhão 930 mil clientes. São Paulo liderou esse movimento, com mais de 900 mil devedores buscando acordos, enquanto Roraima, com apenas 8.627 pessoas, participou de renegociações.
No âmbito nacional, destaca-se a redução de 0,30 pontos percentuais nas dívidas relacionadas a contas básicas, como luz, água e gás, entre setembro e outubro, passando de 23,83% para 23,53%. Contudo, os débitos com bancos e cartões continuam sendo os mais comuns, representando 29,19% das pendências financeiras no Brasil.
É importante notar que o número de brasileiros inadimplentes teve uma leve alta em outubro, passando de 71,8 milhões em setembro para 71,9 milhões no mês passado, indicando a persistência dos desafios econômicos enfrentados pela população.
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Gregório José, jornalista, radialista, filósofo