“Caduca” – Espetáculo bilíngue homenageia atrizes do teatro brasileiro

Ensaio com as atrizes Eliane Weinfurter, Theodora Ribeiro e Yanna Porcino. CRÉDITO: Jere Nunes

 

 

Peça conta a história de uma mulher idosa, que, em 1968, viu o anúncio do teste de elenco, mas não teve coragem de fazê-lo

 

Um mergulho na história, no tempo e no agora é o que traz “CADUCA”, espetáculo teatral baseado na trajetória das atrizes Lizette Negreiros e Cleide Queiroz, de quando  viajaram de Santos para São Paulo, para participar do teste de elenco da montagem histórica “Morte e Vida Severina”, dirigida por Silney Siqueira para a Companhia Paulo Autran.

Com apresentações gratuitas nas cidades de Mogi das Cruzes, Santos, Birigui e Piracicaba, de setembro e novembro, a  peça conta a história de uma mulher idosa, a Caduca – interpretada por Theodora Ribeiro – que, em 1968, viu o anúncio do teste de elenco, mas não teve coragem de fazê-lo. E agora, décadas depois, apresentando sintomas de demência senil, Caduca, remexendo em seus pertences, reencontra o anúncio da audição e decide que, mesmo tardiamente, quer fazer essa viagem para participar do teste que sempre sonhou.

Durante essa jornada, Caduca é acompanhada por duas figuras simbólicas: a Mulher que não foi – interpretada por Eliane Weinfurter – e a Morte – interpretada pela poeta surda Yanna Porcino- que adiciona uma dimensão poética e reflexiva à narrativa.

“A ideia por trás da dramaturgia de CADUCA é que o sonho nos transporta. Não importa a idade. Nós viemos para esse mundo para sonhar e viver os nossos sonhos. Lizette e Cleide, ainda jovens, fizeram uma viagem para a realização do sonho de serem atrizes e isso abriu portas para muitas atrizes negras que vieram depois delas. Essas mulheres estão na base do caminho que eu e outras mulheres percorremos hoje.”, contou Cintia Alves,diretora do espetáculo.

O espetáculo é bilíngue (Português/Libras) e foi dirigido e escrito por Cintia Alves, com o dramaturgismo do poeta Fábio de Sá e do ator e dramaturgo cego Edgar Jacques. Na sua primeira temporada teve a participação da própria Lizette Negreiros (1940-2022), dando vida à personagem Caduca. A peça foi contemplada pelo PROAC 07/2021 da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo.

Linguagem Multicultural – O espetáculo se debruça numa pesquisa de linguagem intercultural, entendendo que a perspectiva das pessoas cegas ou das pessoas surdas constitui outra cultura como uma rede de conversações na qual estamos implicadas. O povo surdo (sinalizante) tem uma cultura própria determinada primeiramente pela língua, mas, sobretudo pela agremiação que ela forçosamente provoca. Já as pessoas cegas têm uma forma de apreensão de mundo determinada não pela convivência em grupo unido por similaridade, mas justamente pela exclusão.

Assim o espetáculo se faz bilíngue (português/Libras) de forma concomitantemente em Língua Portuguesa e Libras e não paralelamente. E acontece em duas culturas diversas – a ouvinte (enxergante e cega) e a surda.

 

Serviço – Espetáculo “Caduca”. Sábado (18) e Domingo (19), a partir das 20h. Sesi Piracicaba. Gratuito.

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