Região Sudeste do Brasil é a que mais mata por “feminicídio”

Gregório José

 

O relatório recente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que apresenta dados alarmantes sobre feminicídios, homicídios femininos e estupros no Brasil no primeiro semestre de 2023, é uma dolorosa evidência de que a violência de gênero persiste como uma chaga em nossa sociedade. O estudo, divulgado antes de 25 de novembro, Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres, lança luz sobre a urgência de enfrentar esse problema sistêmico que afeta a segurança e a dignidade das mulheres em nosso país.

Os números apresentados são inquietantes. O crescimento de 2,6% nos casos de feminicídio e homicídios femininos, em comparação com o mesmo período do ano anterior, desafia a noção de que estamos progredindo na proteção das mulheres. Além disso, o aumento significativo de 14,9% nos casos de estupro e estupro de vulnerável evidencia uma necessidade urgente de abordagens mais eficazes na prevenção e resposta a esses crimes brutais.

É importante observar que, enquanto algumas regiões do Brasil experimentaram quedas nos índices de feminicídios, a região Sudeste testemunhou um aumento alarmante de 16,2%. Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo apresentaram aumentos preocupantes, destacando a necessidade de abordagens específicas e eficazes nesses locais.

A análise dos dados também destaca desafios no sistema de justiça. A dificuldade em incorporar a perspectiva de gênero por parte de profissionais de investigação e do Judiciário pode resultar em subnotificação e classificação inadequada de casos como homicídios comuns, em vez de reconhecê-los como feminicídios. Esse problema sublinha a importância da sensibilização e treinamento contínuo para garantir que todos os profissionais envolvidos no processo judicial estejam equipados para lidar adequadamente com crimes de gênero.

Os esforços recentes do Conselho Nacional de Justiça, da ONU Mulheres e de outros atores em qualificar as equipes e melhorar os registros são passos positivos. No entanto, é evidente que ainda há muito trabalho a ser feito para garantir a precisão e a abrangência dos dados. A subnotificação persistente destaca a necessidade urgente de uma abordagem mais holística para enfrentar a violência de gênero, que inclua não apenas medidas reativas, mas também iniciativas preventivas e educativas.

Os dados refletem uma triste realidade: a violência contra as mulheres continua a ser uma epidemia em nossa sociedade. É imperativo que as autoridades, a sociedade civil e a população em geral estejam unidas na condenação inequívoca desses atos e na busca por soluções eficazes. Somente através de uma abordagem coletiva e comprometida podemos esperar alcançar um futuro onde todas as mulheres possam viver livres do medo e da violência.

É preciso introduzir disciplina que eduque o jovem do sexo masculino a entender que, quando uma mulher diz não (é não, mesmo) e que ela tem direito a romper um relacionamento sem temer por sua vida.

Não podemos conviver com esta situação cada vez mais crítica e alarmante. Na região Sudeste, onde se presume um avanço a mais na educação e preparação dos habitantes para o mercado de trabalho, com oportunidades de aprendizado e escolas melhores posicionadas em rankings internacionais ainda tem que conviver com a “posse” do homem sobre a mulher. O tempo para ação é agora, e não podemos mais tolerar a negligência e a impunidade que perpetuam essa tragédia.

 

 

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Gregório José, jornalista, radialista, filósofo

 

 

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