Menos reunião, mais ação

José Renato Nalini

 

Quem possui alguma experiência em trabalhar em equipe sabe que a melhor maneira de nada fazer é fazer reunião. Forma-se uma comissão, os debates são improfícuos, fala-se muito e, ao final, o que resulta dessa falação?

Isso é muito claro na questão ambiental. O Brasil foi promissora potência verde na década de 1970. Depois, foi o campeão do retrocesso. Até a principiologia ecológica foi esquecida. Revogou-se o Código Florestal, substituído por uma lei de 2012 que sequer menciona a expressão “Código Florestal”. Uma tradição que tínhamos desde 1934, reforçada em 1965.

Por último, fomos convertidos em “Pária Ambiental”, para escárnio da parte civilizada e culta da humanidade.

Fazer reuniões não salva a Amazônia. Tivemos a Eco92, assinamos o Acordo de Paris, o Protocolo de Quioto. Isso arrefeceu a sanha criminosa de quem derruba floresta? Não.

O que resultou da Cúpula da Amazônia, considerada ensaio para a COP-30, que o Brasil vai sediar em 2025?

Declarações simplórias, pedido de ajuda aos ricos, declarações edificantes. Mas o governo brasileiro poderia mudar radicalmente a situação se colocasse todas as Forças Armadas para acabar com a bandidagem que ali faz grilagens, incêndios, derrubadas da cobertura vegetal, explora minérios em demarcações indígenas e continua a praticar o genocídio contra as etnias que eram e são as verdadeiras donas a terra.

Outra medida viável e que só depende da vontade política do governo é fazer a regularização fundiária. A maior parte da Amazônia Legal é de terras públicas. Ou seja: terra do povo, o único titular da soberania. O governo é servo do povo, não seu dono. E o patrimônio pátrio sucumbe nas mãos sujas da criminalidade organizada, cada vez mais sofisticada, cada vez mais audaciosa e impune.

Menos reuniões, menos encontros, menos blá-blá-blá! É só cumprir a Constituição, cujo artigo 225 deveria ser lido todos os dias pelos detentores de poder e autoridade. Vamos trabalhar seriamente. A receita está muito evidente. É só querer segui-la. Ao povo incumbe exigir que aqueles que são sustentados por ele, os eleitos, tenham comprometimento e seriedade no trato do interesse comum. A perda da Amazônia significa acelerar o fim da vida no planeta Terra.

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José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente do PPGD da Uninove e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras

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