José Renato Nalini
Tão elogiada quão temida, a Inteligência Artificial – IA é também preconceituosa. Já se verificaram equívocos judiciais, prisões injustas e até vítimas humanas. O levantamento AIAAIC, sobre incidentes e controvérsias de inteligência artificial, algoritmos e automação, constatou mais de mil casos preocupantes com essa tecnologia, entre 2009 e 2023.
Os casos foram divulgados. Steve Talley foi acusado de roubo a banco e agressão policial por reconhecimento facial do FBI, em 2014. Dois meses depois de preso, conseguiu provar que estava em outro lugar no momento do crime e ganhou cinquenta mil dólares de indenização do Estado.
O carro Tesla no piloto automático chegou a colidir com uma viatura policial na Carolina do Note, com graves danos. Outros episódios fatais já aconteceram com automóvel dessa marca.
Em 2021, um fanático tentou assassinar a Rainha Elizabeth II, depois de ser encorajado por um chatbot chamado Replika. O plano de regicídio fora considerado pelo robô como algo “muito sábio”.
Na Bélgica, um partido político socialista criou um vídeo “deepfake” de Donald Trump, pedindo à nação que se aliasse aos Estados Unidos para deixar o acordo climático de Paris. Isso aconteceu em 2018 enquanto em 2019, o Rio de Janeiro iniciou testes de uso de reconhecimento facial para identificar criminosos. A taxa de erro ultrapassou 90% e de seu emprego resultaram inúmeras prisões errôneas e, portanto, injustas.
Em Moscou, no ano de 2020, um robô jogador de xadrez agarrou e quebrou o dedo de um competidor mirim, com apenas sete anos, durante uma partida. Isso porque o garoto fez um movimento rápido, violando o que a técnica do xadrez considera como “regra de segurança”. A Federação Russa de Xadrez não informou quem fabricou o robô.
Depois da epifania de criação do ChatGPT, lançado em 2022 e logo conquistando, nos primeiros dias, mais de cem milhões de usuários, multiplicou o número de ocorrências relacionadas a processamento de textos. Os gigantes Google e Microsoft também lançaram chatbots com modelos de linguagem próprios e a Open AI lançou a versão 4 de seu GPT. Que ainda vai continuar a surpreender o mundo. O bom é que existam falhas! Prova de que a IA não vai superar a Inteligência Humana.
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José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras