Boulervard Boyes – Escritórios fazem apresentação do projeto

Apresentação do Boulevard Boyes, no Espaço Beira Rio, na sexta (03). Crédito: Divulgação

 

Segundo os idealizadores, o projeto contempla preservação de prédios históricos, espaços de acesso público e ressignificação do entorno

 

Unanimidade entre os piracicabanos, a Fábrica Boyes faz parte de muitas memórias. Das gerações com mais idade e entre os mais jovens. Pensando nestas características, os escritórios KT Arquitetura de Negócios e KTV Retail As A Service desenharam e estruturaram um projeto completo de ressignificação das instalações e todo o entorno, harmonizando o antigo e o novo, em total sinergia.

Detalhes do Boulevard Boyes, assinado pelo arquiteto Júlio Takano, foram apresentados sexta (03), no auditório do Espaço Beira Rio. Entre os vários aspectos positivos estão a revitalização e a valorização da fisionomia dos prédios históricos, preservação, construções de novos espaços, cubos comerciais para pequenos empreendedores (artistas e artesões) e criação de torres residenciais totalmente sustentáveis, com arquitetura integrada com os prédios preservados e ao próprio Engenho Central.

Com investimentos de empresários piracicabanos, o projeto foi aprovado pelo Codepac com a maioria de votos dos conselheiros. Por quase dois anos, o órgão avaliou os detalhes, solicitando ajustes, os quais foram incorporados na sua totalidade pela equipe técnica do Boulevard Boyes.

De acordo com o arquiteto Júlio Takano, CEO da KT Arquitetura de Negócios, presidente da KTV Retail As A Service e sócio-fundador da Varejo180, um dos responsáveis pelo desenvolvimento do projeto do Boulevard Boyes, nas últimas décadas, metrópoles do mundo inteiro tem despertado para o novo paradigma de desenvolvimento sustentável, com esforços para a ocupação de vazios urbanos, pensando a reutilização do patrimônio dos espaços por meio da intensificação e mistura de usos. “Neste contexto, o papel da reutilização das áreas industriais é fundamental num processo de revitalização, intervenções pontuais de qualidade e inseridas a uma arquitetura de negócios tendem a gerar impactos positivos exponenciais no entorno e na cidade como um todo.”

Júlio Takano reforça que o Boulevard Boyes consiste na preservação, revitalização e requalificação do patrimônio industrial e cultural por meio de novos usos qualificados a serem usufruídos pela população piracicabana, com atividades de turismo, comércio, serviços e de lazer, além de oportunidades de moradia em diferentes padrões. “O projeto foi desenvolvido no sentido de preservar este singular remanescente industrial, integrante do patrimônio e da paisagem cultural dos piracicabanos”.

O arquiteto elenca alguns pontos relevantes do projeto, tais como geração de 1.500 a 2.000 empregos diretos e indiretos permanentes (beneficiando de 6.000 a 8.000 pessoas); redução em mais de 66% do fluxo de trânsito comparado com o projeto aprovado; alinhamento sociocultural, turístico e gastronômico com os principais eixos e equipamentos de Piracicaba;  criação de mais de 1.500 vagas de veículos, sendo mais de 330 vagas de acesso ao público, ajudando no fluxo local de trânsito e integração completa com o Engenho Central (arquitetonicamente) como eixo de conexão da Praça da Boyes e a Ponte Pênsil. “Quando pronto, o empreendimento oferecerá à população para o livre acesso democrático de todas as classes sociais mais de 60% do terreno atual com vista para o principal ponto turístico de Piracicaba, seus elementos culturais e arquitetura preservada – criando um novo centro de cultura, museu, memória, história, lazer e proximidade com a comunidade local”.

No aspecto socioeconômico, o empreendimento contempla o desenvolvimento de quiosques/cubos em parceria com a Prefeitura de Piracicaba para uso da comunidade local de artistas, artesãos, pequenos empresários e produtores agrícolas para divulgação e comercialização de seus produtos/serviços.

O projeto segue os critérios mais rigorosos de respeito ao meio ambiente e ao ecossistema do entorno. Júlio Takano ressalta que o Boulevard Boyes é um dos únicos projetos do mundo que atende todos os critérios ESG. “O quesito ambiental se sustenta com base em diversos estudos de integração com a comunidade e geração de energia limpa. Já o aspecto social estará focado no museu, preservação de parte importante da história piracicabana, além de acesso livre de toda a sociedade a maior parte do empreendimento, boulervard, usina PCH e museu, criando mais um centro turístico para Piracicaba e região. O item governança está ligado à Prefeitura de Piracicaba por meio da criação dos cubos destinados a pequenos produtores, artistas locais e artesões para incentivo, exposição permanente e comercialização de seus trabalhos”, detalha.

Em uma parte da área estão previstas construções de torres residenciais, as quais seguirão o padrão arquitetônico e histórico evidenciados no Boulevard Boyes. Júlio Takano não esconde a emoção e o carinho ao falar do projeto. “Sinto-me à vontade para comentar sobre um ponto que vale ser evidenciado: o desejo de ressignificação do grupo de empresários piracicabanos que adquiriu o imóvel em leilão, em disputa com várias empresas de fora de Piracicaba. Durante todos os trâmites, o respeito ao patrimônio foi colocado como prioridade, num esforço para que não fosse parar em mãos que não tivessem o mesmo amor por Piracicaba. O amor pela Boyes começou pelas mãos deste grupo de empresários piracicabanos que não vem medindo esforços em projetar para a Boyes um empreendimento a altura de sua contribuição histórica”.

 

Historia – Túnel do tempo do visionário Luiz de Queiroz

A Fábrica de Tecidos Santa Francisca, fundada pelo engenheiro agrônomo Luiz de Queiroz, foi fundamental para o desenvolvimento econômico da cidade de Piracicaba, contribuindo também para a instalação do serviço de energia elétrica (1873) e de telefonia (1882). Junto à tecelagem, também se estabeleceu o serviço de abastecimento de água (1887) em Piracicaba, igualmente pioneiro no Brasil.

De Santa Francisca à Arethusina e, por fim Cia. Industrial e Agrícola Boyes, a fábrica de tecidos funcionou intensamente por mais de um século, movimentando a economia local e oferecendo empregos para inúmeros operários, majoritariamente mulheres imigrantes ou suas descendentes.

No século XX, após a década de 1960, ocorreram transformações da área da Rua do Porto, em decorrência do incremento da oferta turística e imobiliária, quando ocorreu um processo dinâmico, com novos usos, transformado em centro gastronômico. Entre as décadas de 1970 e 1980 aconteceram intervenções do poder público na requalificação da área, ainda enquanto a Fábrica da Boyes produzia tecidos. No século XXI, destacam-se proposições para manutenção e gestão da paisagem cultural da Rua do Porto: o Projeto Beira-Rio.

Após um período de décadas de intensa produção, as instituições fabris encerraram suas atividades e seus remanescentes industriais entraram num processo de degradação. Entretanto eles permanecem vivos na paisagem cultural de Piracicaba, à espera de novas apropriações. Esse é o DNA do Boulevard Boyes, uma apropriação que coloca no mesmo eixo história, sustentabilidade, modernidade, cultura, lazer, turismo, gastronomia e moradia.

 

 

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