Os dezoito do Forte

José Renato Nalini

 

O episódio dos “18 do Forte” deveria ser melhor celebrado pelos brasileiros que não tiveram, no passado recente, de enfrentar com armas o arbítrio e o autoritarismo. Hoje existem instituições consolidadas e se a democracia brasileira não sucumbiu, deve-se ao polêmico protagonismo do Supremo Tribunal Federal.

Entre os dezoito do Forte de Copacabana, estava o célebre Eduardo Gomes (1896-1981), depois Brigadeiro e, infelizmente, candidato derrotado à Presidência da República, por duas vezes. Na primeira, perdeu para Eurico Gaspar Dutra. Na segunda, perdeu para o próprio ditador Getúlio Vargas. Não satisfaz ao desejo dos brasileiros lúcidos de um governo decente, a “vitória moral” do “Brigadeiro da Libertação”, do “Herói da resistência” ou do “Herói do Forte”.

Os jovens de 1922 estavam contra o Presidente da República, Epitácio Pessoa e contra o recém-eleito sucessor, Arthur Bernardes.

Ficaram sozinhos e resolveram sair à luta contra milhares de soldados das forças federais, contra a Artilharia e contra os aviões. Carnificina geral. Eduardo Gomes fraturou o fêmur, que ficou exposto e quase morreu. Pagou o heroísmo com processo-crime, condenação e desterro na Ilha da Trindade.

Mas para os brasileiros conscientes, o episódio dos 18 do Forte é uma inspiração. O general paulista Feliciano Mendes de Morais (1858-1942), ao chegar de Sergipe ao Rio de Janeiro, nos idos da década de vinte, ao avistar Copacabana, comentou com quem o acompanhava: “Ali morreu o Exército brasileiro. Desde que vi a covardia dos meus camaradas, despi a farda, e envergonho-me em saber que já me misturei com essa gente. Se não fosse a covardia do Exército, esse canalha do Arthur Bernardes não estaria na presidência e eu não trajaria esta roupa de civil. Vou para Santa Catarina, a recolher-me à casa de minha filha. Pretendo não sair desse esconderijo; mas se sair é para entrar numa ação decisiva contra os que salpicaram lama sobre a minha classe”.

Sobrinho do Presidente Prudente de Morais, integrou o Superior Tribunal Militar, do qual chegou a ser Vice-Presidente.

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José Renato Nalini é Reitor da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras

 

 

 

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