‘Caso Jamilly’ – CPI obtém informações sobre disponibilização do soro

Prestaram depoimento a diretora do órgão que encaminha soro antiescorpiônico para os municípios e enfermeira da equipe da UPA da Vila Cristina

 

 

A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que apura a morte da menina Jamilly Vitória Duarte, de 5 anos, no dia 12 de agosto, vítima de picada de escorpião, ouviu, nesta segunda-feira (9), os depoimentos de Ana Maria Feijó, diretora do GVE (Grupo de Vigilância Epidemiológica), órgão estadual responsável pela distribuição de soros e vacinas aos municípios da região de Piracicaba; e da enfermeira Natascha Kim Camaroske Zeni, que trabalha na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Cristina e estaria presente no momento do atendimento, mas não teria participado efetivamente dos procedimentos.

A CPI é composta pelos vereadores Acácio Godoy (PP), presidente, Gustavo Pompeo (Avante), relator, Cássio Luiz Barbosa (PL), o Cássio Fala Pira, Pedro Kawai (PSDB) e Paulo Camolesi (PDT), e contam com as assessorias da Procuradoria Legislativa e do Departamento Legislativo da Casa.

Jamilly foi socorrida pelo Samu (Serviço de Atendimento Médico Móvel de Urgência), recebeu os primeiros atendimentos na UPA Vila Cristina e foi transferida para a Santa Casa, onde veio a óbito. A diretora da Vigilância esclareceu que a UPA Vila Cristina funciona como um Pesa (Ponto Estratégico de Soros e Antivenenos), que deve seguir os protocolos previstos no plano regional para atendimento de vítimas de picadas de escorpião. Ao todo, são 11 pontos na região, conforme definido no plano, elaborado em 2019.

Ponto estratégico – De acordo com a diretora, os pontos são escolhidos conforme a localização, para garantir o atendimento mais rápido possível, abrangendo todo o território da regional. A localização dos pontos estratégicos é publicada no Diário Oficial e os mesmos também estão relacionados no site da Secretaria Estadual da Saúde. A testemunha ainda falou sobre o tempo de atendimento da vítima e sobre a quantidade de soro a ser aplicada.

Ela explicou que o GVE encaminha os lotes de soro para a central de abastecimento do município e a vigilância municipal faz a distribuição para os pontos estratégicos da cidade, que, no caso de Piracicaba, são a UPA Vila Cristina e a Santa Casa. Ela explicou sobre a quantidade de ampolas disponibilizadas para cada unidade, suficientes para atendimento de pelo menos quatro acidentes com escorpião em cada, entre graves e moderados.

O estoque também é controlado via sistema, assim como as condições do medicamento, como temperatura e validade. De acordo com a diretora, as reposições ocorrem de forma imediata após a comunicação à Vigilância. Segundo a testemunha, o plano regional também prevê atualização dos profissionais para que todos os pontos estejam preparados para prestar esse tipo de atendimento.

Para o presidente da CPI, Acácio Godoy, o depoimento contribuiu para a obtenção de informações técnicas sobre o soro. “Foi importante para nos esclarecer a função estratégica da UPA e que a unidade tem a obrigação de ter o soro, como se dá o estudo que nomeia a unidade para ter o soro e que o fornecimento estava em dia. Oficialmente, a unidade tem a obrigação e tinha o soro na ocasião”, afirmou.

Enfermeira – Já a enfermeira Natascha Kim Camaroske Zeni disse que estava no local, mas que prestava serviço no acolhimento de pacientes adultos no momento do atendimento de Jamilly. Ela disse que foi chamada somente para efetuar um punsionamento para acesso venoso na paciente, mas não chegou a tentar porque já havia outros profissionais tentando o procedimento naquele momento e que, em seguida, a equipe médica já decidiu pela transferência dela para o hospital. O acesso venoso é o procedimento utilizado para introdução de cateter para ministração de medicamentos e soro.

A profissional, que tem 20 anos de experiência, relatou que atua na unidade desde julho deste ano, a serviço da OSS (Organização Social de Saúde) Mahatma Gandhi, que assumiu o gerenciamento da UPA. A testemunha disse que as equipes, no local, seguem um padrão geral de atendimento, mas não passaram por um treinamento específico para atuação na unidade. Questionada pelos vereadores se houve falha no procedimento, ela disse que não participou do acolhimento da paciente e nem dos primeiros atendimentos e não poderia avaliar.

Para o presidente da CPI, os depoimentos dos profissionais que estavam no local ajudam a compreender como se deram os fatos. “O segundo depoimento nos ajudou a construir um pouco do cenário do atendimento e vai nos ajudando a preencher os espaços do atendimento minuto a minuto, que é o papel que queremos cumprir”, colocou.

Não compareceu – Uma das técnicas de enfermagem envolvidas no atendimento não compareceu para prestar depoimento à CPI, conforme havia sido agendado, para a manhã desta segunda-feira. Acácio Godoy disse que, diante desse fato, os membros decidiram pela reconvocação da funcionária, com o alerta de que, se não comparecer, poderá ser convocada pela via judicial. A CPI também decidiu que as próximas convocações contarão com um documento de ciência sobre consequências em caso de não comparecimento.

Ainda serão convocados representantes do serviço de Vigilância Epidemiológica do município e outra enfermeira citada em depoimento. Na quarta-feira (11), a partir das 8 horas, serão ouvidos outros quatro profissionais da UPA. Para o dia 17, às 9 horas, está previsto o depoimento da médica responsável pelo atendimento, também da UPA.

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