#FALAPAULOSOARES – Outubro Rosa e a saúde das ‘cidadãs posithivas’

 

Na primeira edição da nossa coluna, em outubro, não poderia deixar de citar o início do mês mais rosa do ano, em que são fortalecidas ações para a prevenção do câncer de mama no Brasil. Já é tradição, mas é sempre bom reforçar que, além de hábitos saudáveis, as mulheres devem sempre ficar atentas aos exames de saúde, sobretudo ao autoexame da mama, que pode identificar a doença logo no início e contribuir sobremaneira para que seja curada.

Mas, como todos, todas e todes sabem, minha atuação é em torno das pessoas com HIV, Aids, além de outras doenças infecciosas, como sífilis e hepatites virais. Como presidente do Caphiv, onde desenvolvemos diversos projetos de prevenção e acolhimento desta população, sempre busco trazer temas amplos, como o Outubro Rosa, para o contexto em que convivo diariamente.

Na minha breve pesquisa semanal – na qual, busco os temas em que apresento neste espaço a vocês – me deparei com o texto do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas, o MNCP, que é uma organização formada por mulheres vivendo com HIV e Aids e pessoas que convivem com a epidemia. No site deles  — o mncp.org.br –, que aliás, é muito bem estruturado e com excelentes informações, tem um breve artigo com a preocupação sobre o câncer e as mulheres infectadas pelo vírus da imonudeficiência humana.

Vou reproduzir algumas partes, mas, como sempre faço, sugiro que você busque o texto na íntegra que está no site, além de outras informações.

No artigo, o MNCP recorda que o Instituto Nacional de Câncer, no Brasil, informa que o câncer de mama é o “mais incidente em mulheres de todas as regiões”, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste.

Os dados são ainda de 2021, mas de qualquer forma se apresentam alarmantes e  nos impõe uma realidade que toda a rede nacional de saúde deve entender para poder contribuir na prevenção: “Para o ano de 2021 foram estimados 66.280 casos novos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 43,74 casos por 100 mil mulheres. Quanto ao câncer de colo de útero, os dados estimados foram de 20.470 novos casos, representando uma taxa de 9,2%.”

No mesmo artigo, o MNCP adverte que tem observado com preocupação o aumento dos relatos de casos e suspeitas de câncer entre as mulheres que vivem com HIV/Aids. “Em algum momento de nossas vidas recebemos um diagnóstico para o HIV, uma doença, até o momento sem cura e, sabemos perfeitamente que o impacto é forte, doloroso e cruel por todo estigma, preconceito e medo que vem no ‘pacote’. Ouvir e ler relatos de mulheres que além do HIV enfrentam o câncer nos faz pensar no sofrimento em ‘recomeçar’ uma nova luta pela vida, num tratamento que não só traz efeitos colaterais físicos, mas também psicológicos. A queda de cabelos, a retirada da mama ou útero são situações que abalam a autoestima da mulher, pois impactam em partes do corpo muito relacionadas à feminilidade.”

Se você tiver o interesse de conhecer a história de Ane Aveline, de 50 anos, eu convido a acessar o site do MNCP e ler o relato que é comovente. Para esta coluna, a minha intenção é sempre alertar que o câncer incide também em pessoas com HIV, e que, embora seja difícil a luta contra uma doença ainda sem uma cura, não se deve negligenciar os exames sobre outros aspectos da saúde.

Nos meus anos de caminhada ao lado da população com HIV, seja homens ou mulheres, eu já verifiquei muito desalento, quando a pessoa, por estar infectada, simplesmente “larga mão” do cuidado com a vida. Mas estou aqui para dizer que não precisa ser assim. É possível ter qualidade de vida, mantendo o tratamento em relação ao HIV, mas também se prevenindo a outras doenças, como o câncer de mama, só para ficar no exemplo do Outubro Rosa.

Todos devemos cuidar da saúde. Ingerir alimentos com qualidade, na quantidade necessária, assim como buscar fazer alguma atividade física, que contribui tanto para o corpo quanto para a mente, são sempre as principais indicações. Mas também eu incluo o cuidado com o sono, saber os limites para ingerir bebidas alcoolicas e a convivência social. Tudo impacta a saúde.

Obrigado pela sua leitura e até a próxima semana!

 

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids, Sífilis e Hepatites Virais).

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