Ronaldo Almeida
Sou piracicabano de nascimento e completamente apaixonado pela minha cidade. Na loteria biológica, nasci pobre, como milhões de brasileiros. No entanto, minha origem humilde, como piracicabano da gema, criado no bairro Jaraguá, construiu meu caráter como cidadão responsável e preocupado com os problemas sociais de Piracicaba. E é sobre isso que quero falar, de forma franca e direta, para aqueles que desejam diminuir minha trajetória de maneira irresponsável e cretina.
Não estou reivindicando aqui meu status profissional, tampouco minha importância religiosa. Estou chamando atenção com esta carta e este desabafo para a tentativa improdutiva de desqualificar minha contribuição nas lutas sociais para construir uma Piracicaba mais justa e inclusiva.
Eu poderia resgatar fatos e memórias de todas as vezes que dediquei meu tempo, energia e paixão para promover a defesa da qualidade nos serviços públicos, como educação e saúde, entre tantos outros temas sensíveis e urgentes. Isso demonstraria meu compromisso com Piracicaba e com as lutas coletivas nas quais me engajei. No entanto, sempre respeitando o protagonismo de outros parceiros que dedicam incansavelmente seu tempo nas lutas por melhores condições de vida para o povo piracicabano. Isso talvez serviria para lembrar aos que me atacam covardemente que deveriam se questionar onde estavam em cada luta que Piracicaba precisou deles. Mas não estou buscando promoção, pois este comunicado não se trata disso.
Entendo que a defesa de direitos sociais e interesses públicos permite que cada um contribua da maneira que sabe, com as ferramentas que possui. Pois toda luta pelo bem público vale a pena e só é possível com a convergência de soluções, não com a fragmentação de interesses. Essa foi a lição que aprendemos quando jovens estudantes ocuparam suas escolas para evitar que fossem fechadas. Agradeço a cada aluno pelo exemplo de coragem que tiveram naquele momento difícil.
Aprendi isso ao longo dos meus 25 anos dedicados a denunciar os desmontes na educação, lutando lado a lado com professores e professoras da honrada Rede Pública, mas também como um jovem estudante que defendia o direito à educação como prioridade e solução para o desenvolvimento de nossa cidade. E continuo a aprender a conviver com diferentes opiniões, compreendendo que aqueles que pensam de forma diferente não são meus inimigos, mas aliados na construção de uma sociedade plural e democrática. No mundo em que vivemos, não há espaço para o radicalismo de ideias, nem para aqueles que usam seus privilégios para propagar mentiras e ódio com o objetivo de difamar pessoas sérias.
Portanto, entendo que a luta pela Universidade Federal de Piracicaba não deve ser restrita a meia dúzia de interessados, muito menos questionada quanto a quem merece ou não protagonismo. Ela só será possível como resultado de uma ampla mobilização de atores sociais, agentes políticos, imprensa local e regional, sindicatos, movimentos sociais e populares, mas, sobretudo, ela precisa estar alinhada com a vontade real dos cidadãos piracicabanos.
Apenas juntos, como uma comunidade unida, podemos alcançar grandes conquistas para a Piracicaba que sonhamos e queremos para o presente e para o futuro de nossas crianças e jovens estudantes. Com o empenho de todas as lideranças envolvidas, estamos confiantes de que a implementação de uma Universidade Pública em nossa cidade está ao nosso alcance.
Faço isso como pai de João Pedro, um aluno do 6º ano da escola pública, para o qual dedico meu empenho incansável nas lutas sociais de nossa cidade. Faço isso porque sei que o acesso à educação superior de qualidade é fundamental para o crescimento e desenvolvimento de qualquer cidade. Farei a defesa intransigente e enérgica, nas ruas e nas redes, da inspiradora proposta de readequação do Campus Taquaral da Unimep em uma Universidade Federal em Piracicaba. Isso não apenas abrirá oportunidades educacionais para nossos jovens, mas também servirá como um farol de conhecimento humanista e de inovação, beneficiando todos os cidadãos piracicabanos e o interior do estado de São Paulo.
No entanto, a luta em defesa dessa pauta tem gerado debates improdutivos nas redes sociais. Nesse sentido, sugiro que nossos concidadãos piracicabanos se unam a nós, nas ruas e nas redes, nesse apoio, para que o objetivo central da luta seja a conquista da Universidade Federal para Piracicaba. Entrem em contato para participar do abaixo-assinado nos locais de coleta de assinaturas ou também por meio do link virtual.
Suplico também às autoridades competentes de todos os níveis que ouçam atentamente as vozes de todos os interessados, expressas na Câmara de Piracicaba, na ALESP, por meio de articulações de lideranças políticas, das opiniões de cidadãos piracicabanos nas redes sociais, dos jornalistas e da imprensa local e regional, do apelo público de agentes sociais e lideranças comunitárias, e também das assinaturas coletadas nas ruas por meio de abaixo-assinado, a agirem de forma decisiva para tornar nossa reivindicação de uma universidade pública uma realidade tangível.
Ronaldo Almeida, servidor público, sacerdote religioso de matriz africana, comunicador e agente comunitário do bairro Piazza Itália.