Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho
O mais importante ativista intelectual do mundo oferece neste livro um aprofundado exame das mudanças do poder norte-americano, as ameaças à democracia e o futuro da ordem global. Meticulosamente documentado, Quem manda no mundo? é um guia indispensável para entender a situação internacional atual. Com clareza e oferecendo diversos exemplos, Chomsky mostra como os Estados Unidos continuam sendo a voz mais forte, mesmo com a ascensão da Europa e da Ásia. O envolvimento americano com China e as sanções contra o Irã, os conflitos no Iraque, Afeganistão e Israel/Palestina, a relação com a América Latina e África e o aquecimento global são alguns dos pontos discutidos no livro. Chomsky escreveu um posfácio sobre a eleição de Donald Trump, o referendo Brexit e a ascensão dos partidos ultranacionalistas de extrema direita na Europa. Sua conclusão é alarmante e preocupante sobre o futuro do mundo.
O título nos remete a uma pergunta com uma resposta bastante complexa, porém mais uma vez Noam Chomsky é brilhante em nos responder em diversos de seus artigos que novamente se tornaram um livro. Nos mostra como os EUA após a Segunda Guerra Mundial se tornaram a nação mais influente econômica e politicamente no mundo, demonstrando também como os interesses nacionais são confundidos com os interesses das concentrações internas de poder dentro dos Estados, sendo os principais influenciadores os grandes conglomerados multinacionais e gigantescas instituições financeiras que formam verdadeiras “castas” coorporativas no cenário mundial e dentro dos países, que fomentam o aumento da desigualdade nas sociedades. Sobre os acordos de livre comércio, somos apresentados aos seus reais interesses que destoam totalmente da sua propaganda de livre mercado, pois são moldados para proteger os interesses dos bilionários investidores, acima dos interesses da grande maioria da população dos países, enfraquecendo a classe trabalhadora, criminalizando movimentos sociais, e colocando o grande público apenas como espectadores de todo processo, pervertendo a real democracia. Outro ponto amplamente discutido é como os EUA tem utilizado seu poderio bélico para ter acesso irrestrito aos mercados globais, mesmo que para isso tenha disseminado guerras, patrocinado ou participado de intervenções militares cruéis em diversas nações, citando exemplos na América Latina, Ásia, Oriente Médio, África… sendo assim participantes dos piores históricos de desrespeito aos direitos humanos através das últimas décadas, preferindo soluções violentas à soluções diplomáticas e humanitárias. Ainda é importante citar os grandes perigos para o futuro da humanidade, sendo a ameaça das armas nucleares e a mudança climática descontrolada causada por um modelo econômico extrativista de lucro máximo imediato acima dos interesses das futuras gerações. Apesar dos atuais poderes emergentes, e a potência “reprimida” da opinião pública, os “mestres da humanidade” travam constantemente uma batalha para manter sua riqueza concentrada e privilégios, seja através de meios violentos seja através do “abuso da realidade”, e a falsas e enganosas propagandas da realidade junto ao grande público, fazem com que os indivíduos que se deram bem na vida,seja por herança, meio ou acaso esquecerem que somos 8 bilhões de habitantes do mundo e mais de 2 bilhões passam sede, fome ,sofrimentos e quando conseguem sobreviver passam por todo período de sua vida como miseráveis .
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Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico